Com o título “Formatura: da euforia à realidade”, eis artigo de Ernesto Antunes, consultor empresarial do Sebrae e Senai do Ceará. Ele abordao futuro de tantos formados pelas universidades neste mercado de trabalho constantemente em mutações.
Confira:
Ao ler, no Blog do Eliomar, os relatos e a euforia dos formandos da Universidade Federal do Ceará e familiares que participaram da colação de grau organizada pela competente equipe de cerimonial da UFC, em outubro, constatamos duas faces importantes nesse processo profissional: esse rito de passagem é um momento a ser comemorado, pelos muitos anos de estudos e dedicação aos bancos acadêmicos. O fator mais importante daquele momento diz respeito às etapas subsequentes à formatura que, anualmente, coloca quase 3.000 profissionais no mercado, alguns preparados, outros em processo de aprendizagem, buscando as oportunidades de trabalho nas suas áreas de atuação. A grande questão que fica é se esse novo mercado absorverá a grande quantidade de profissionais que busca se inserir, cada vez mais, nesse competitivo cenário de trabalho.
As dúvidas são inúmeras, pois conversando, recentemente, com uma profissional da área de odontologia, ouvi um relato que me preocupou bastante, quando afirmou que alguns dentistas têm um mercado restrito e por isso sujeitam-se a ganhar muito pouco, na área, ou a assumir empregos informais, como balconistas, vendedores e até motoristas de UBER. Esse relato fez-me refletir sobre a necessidade de serem adotadas políticas públicas efetivas, para oferecer mais oportunidade de trabalho a essa grande leva de profissionais que se coloca à disposição no mercado. Recebemos, recentemente, no Sebrae, dois Advogados que buscavam empreender na área da gastronomia, devido à falta de qualificação ou oportunidades oriundas da sua área de atuação, sobre a qual relataram que não têm oportunidade, nem mesmo em escritórios de advocacia, que já estão com sua capacidade instalada no limite.
Ouvindo alguns profissionais da área de Recursos Humanos, como a Sra. Graça Batista, foi comentado que além das poucas ofertas de vagas para algumas profissões, falta qualificação, pois alguns profissionais que saem das universidades e faculdades não estão preparados, tecnicamente, para assumir maiores responsabilidades profissionais, levando as empresas a optarem por aqueles com mais experiência na sua área de atuação.
Outro fator preponderante é a necessidade de as universidades, principalmente as públicas, fortalecerem as parcerias Academia-Empresa, como forma de incentivar a realização de estágios, encontros e laboratórios que visem aperfeiçoar esses profissionais para efetivamente assumirem um cargo na sua formação. Nem sempre, infelizmente, isso acontece e alguns dos recém-formados abandonam a carreira e perdem a trajetória de muitos anos nos bancos das universidades, para um desvio de atividade que muitas vezes precisa ser feito para sua sobrevivência ou ter um bom padrão de vida.
A constatação, portanto, da euforia à realidade, precisa ser analisada, profundamente, por todos os envolvidos, visando evitar frustrações e mais desempregados à procura de sua tão sonhada colocação no mercado de trabalho.
*Ernesto Antunes
Consultor Empresarial do Sebrae e Senai.
Ver comentários (2)
Pura verdade! Falta emprego para os formados em algumas áreas.
Concordo plenamente, pois com esse governo as pessoas se formam e não tem emprego.