Com o título “Câmeras de Segurança”, eis artigo de Plauto de Lima, coronel RR da PMCe, mestre em Planejamento de Políticas Públicas e especialista em Segurança Cidadã. “Apesar do cidadão renunciar a um pouco da sua privacidade, esse tipo de atividade preventiva tem tido uma boa aceitação do público, elevando a sensação de segurança na cidade”, expõe o articulista.
Confira:
As cidades, construídas originalmente para dar segurança aos seus habitantes, hoje estão cada vez mais associadas ao perigo. Em boa parte do mundo o crime acontece no ambiente urbano. Em 1986, as taxas de homicídios aumentaram em média 25% à medida que a população da cidade dobrava (Glaeser, 2011). A conexão entre crime e cidade também reflete a dificuldade que os gestores têm para encontrar um modelo um policiamento eficaz em cidades grandes. Particularmente, não acredito que exista um modelo, mas um somatório de intervenções preventivas e repressivas. Uma ação que tem mostrado bons resultados é o uso de câmeras de segurança nas ruas.
Presentes em praticamente todos os lugares, seja público ou privado, nas cidades de médio ou grande porte, as câmeras de segurança são tidas como instrumentos essenciais de vigilância. Tanto é que, quando acontece algum crime, o primeiro questionamento que se faz é sobre a existência das imagens que registraram o ocorrido. Elas são utilizadas para evitar o cometimento de crime, capturar bandidos ou recuperar veículos roubados.
Contudo, um erro muito comum cometido por gestores (principalmente nos anos eleitorais), é distribuir câmeras de vigilância pelas ruas da cidade sem oferecer um aparato tecnológico para o armazenamento dessas imagens, nem, tampouco, direcionar um efetivo da Guarda Municipal para atender os flagrantes captados. Afinal, sozinhas são ineficazes, tal qual um aparelho de DVD sem uma televisão ou (para os mais jovens) a Netflix sem internet. É o que chamamos de meios assessórios para o eficaz funcionamento desse equipamento. Pois não adianta registrar uma cena de crime ou violência sem que o município adote alguma estratégia para contê-la. Os profissionais que acompanham essas imagens, ao observar a ação do bandido, deverão acionar imediatamente a Força de segurança municipal para uma pronta resposta.
Outra atitude que deve ser adotada é a atualização da localização dessas câmeras de segurança. Lembrando que o crime é dinâmico e esses equipamentos não devem ficar eternamente nos mesmos locais, mas sim acompanhar a dinâmica criminal. Por isso, a necessidade de acompanhar a dinâmica criminal, nessa constante perseguição entre “gato e rato”.
Quando existe uma grande quantidade dessas câmeras monitoradas numa única central, existe maior possibilidade do não acompanhamento dessas imagens. Portanto, o gestor deve ficar atento a isso e distribuir as imagens para várias centrais, preferencialmente divididas por regiões da cidade.
Como o uso de câmeras não é exclusividade do ente público, é comum vermos esses equipamentos na frente de condomínios ou comércios. Dessa forma, podemos ampliar a visão das forças de segurança com o compartilhamento das imagens captadas por outros atores. Isso faz com que o munícipio estenda a sua capacidade de visualização sem aumentar os investimentos para a compra de novos equipamentos.
Apesar do cidadão renunciar a um pouco da sua privacidade, esse tipo de atividade preventiva tem tido uma boa aceitação do público, elevando a sensação de segurança na cidade.
*Plauto de Lima
Coronel RR da PMCe, Mestre em Planejamento de Políticas Públicas e Especialista em Segurança Cidadã.