Com ot ítulo “Jornalismo para o ego e premiação”, eis artigo de Marceullus Rocha, jornalista. Ele aborda a cobertura da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul.
Confira:
Há 24 anos atuo na área de comunicação no Ceará. Sou formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo há 17 anos. Já passei por rádio, TV, Revistas, Jornal Impresso, WebTV, Podcast e por Assessorias de Imprensa e Comunicação.
Nas minhas vidas acadêmica e profissional, sempre entendi que o Jornalismo é um meio de informar com fatos cotidianos a fim de mudar a vida das pessoas para melhor, a partir das interpretações delas do que é transmitido. Somos comunicadores sociais e devemos prestar serviço à população, sobretudo em momentos de extrema necessidade como este do desastre climático no Rio Grande do Sul.
Com o advento exponencial da Internet com suas redes sociais, o que vejo hoje é uma cobertura midiática para inglês ver. Tanto a imprensa nacional como os governantes demoraram a ter a noção clara da tragédia. E olha que tivemos inúmeros avisos de gaúchos pela Internet em meio ao aguaceiro. Preferiram encher os bolsos com o show da Madonna. Nada contra. Mas pouco tivemos de solidariedade no sábado à noite quando se iniciou a enchente.
E agora, tardiamente, querem ajudar e mandam até jornalistas de renome nacional para cobrir a tragédia. Com escassez de tudo, a presença desses renomados traz mais problemas do que soluções. Um apresentador famoso está apresentando o telejornal de lá, em meio ao sufoco dos profissionais da Engenharia da afiliada que seguem a vida trabalhando depois que perderam parentes na enchente.
Uma equipe de tv no caminho noticiou que agentes da ANTT estavam multando caminhões que levavam donativos. Fez jornalismo, porém a força da máquina pública, que deve ser questionada e não cortejada, condenou um fio de esperança de fazer jornalismo
Agora, o que vemos é o modelo jornalístico norte-americamo às avessas. Em vez de conversar com a população e saber o que necessitam, trazendo informações inéditas, alguns jornalistas e apresentadores líderes de audiência e premiados ficam massageando seus egos com um delay de três dias e fazendo uso da desgraça alheia para ganhar premiação, quem sabe, no Emmy Internacional com materias e documentários.
Depois que ganham os prêmios, fica a pergunta: voltam lá para ver a reconstrução completa após a tragédia? Repito: jornalismo é para prestar serviço à população, com informações corretas sem ruídos políticos e econômicos. Jornalismo não corre atrás de faturar ou de likes da internet. Isso é publicidade e entretenimento baratos que só visam o futuramento em meio ao assistencialismo populista.
Jornalismo é republicano, não deve satisfação aos donos do poder político e, muito menos, a quem detém poder econômico. Deve ser independente e defender os interesses da população e dos cidadãos.
Quem não faz isso, tem interesse no lucro e na autopromocão.
Fiquemos de olhos!
*Marcellus Rocha,
Jornalista,