“Fugi em direção à Faculdade de Direito, os olhos ardendo e a garganta seca pelo gás que impregnava o ar”, aponta o jornalista Flamínio Araripe
Confira:
Participei da passeata em São Paulo no dia do assassinato, sob tortura no DOI-Codi, do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido há 50 anos, data marcada hoje por ato ecumênico na Catedral da Sé, na capital paulista. Soube do crime e da convocação do movimento de protesto na redação da revista “Transporte Moderno”, revista técnica da Editora Abril, na Lapa, onde trabalhava na época, ainda estudante de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero.
O protesto foi reprimido pela polícia com bombas de gás lacrimogêneo na altura do Largo de São Francisco, no Centro histórico de São Paulo, prisões, cassetetes dos cavalarianos e correria. Fugi em direção à Faculdade de Direito, os olhos ardendo e a garganta seca pelo gás que impregnava o ar.
Exerço o jornalismo há 50 anos, escrevi, ontem, em texto para divulgar o lançamento de dois livros que organizei – a ser realizado no dia 6 de novembro, às 18 h, na Biblioteca Pública Estadual. As lembranças daquela data de outubro de 1975 vieram à memória nesta manhã ao ler, no “Correio Brasiliense”, a notícia do crime contra a vida do jornalista Vladimir Herzog, pela ditadura militar.
Um dos livros, “A Palavra sem Medo”, tem por foco a militância política de meu pai, Jósio de Alencar Araripe, contra a ditadura militar e os artigos da minha mãe denunciando a opressão contra a mulher pelo patriarcado oligárquico, a exploração do trabalhador nos engenhos de rapadura e outros artigos – “Eneida Figueiredo Araripe – Uma Trabalhadora na Educação – Vida e Obra”.
Flamínio Araripe é jornalista