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“A arte de acomodar aliados”

Cleyton Monte é pesquisador e também diretor do Instituto Centec. Foto; Arquivo Pessoal

Com o título “A arte de acomodar aliados”, eis artigo de Cleyton Monte, cientista político, professor universitário, pesquisador e diretor do Instituto Centec. Ele analisa episódio em que o senador Cid Gomes ameaçou romper com o Governo. “O que não se pode perder de vista é o projeto de gestão que une os mais diferentes partidos e indicados”, expõe o articulista.

Confira:

Nas últimas semanas a política cearense foi tomada pelas especulações sobre o rompimento do senador Cid Gomes com o governador Elmano de Freitas. O ex-governador e seus interlocutores ressaltaram as dificuldades no
diálogo com o Palácio da Abolição. O entrave envolve a indicação do nome para presidir a Assembleia Legislativa do Ceará. O fato em si chama atenção para um dos maiores dilemas da arte política: acomodar aliados. Nesse
período de transição política municipal a situação se torna ainda mais crítica. Como atender o apetite da coligação vitoriosa – ao mesmo tempo resguardar critérios técnicos e dirimir conflitos? Esbarrar em egos inflados com a meta de garantir a governabilidade se torna central para o grupo que deseja manter sua aliança.

O fenômeno não é recente, mas foi agravado com a formação de grandes coligações para garantir recursos e tempo de rádio e TV. Quanto mais apoiadores, mais espaço deve ser encontrado. Sem falar nos agregados de
última hora. Pacificar figuras do porte de Cid Gomes, que já lideraram o projeto sempre será uma tarefa difícil. Faz-necessário bom senso para filtrar as inúmeras demandas. Nessa hora, um comando político articulado faz a
diferença. As maiores pastas são sempre as que despertam maior cobiça. Os principais partidos da base devem ter prioridade nas indicações. Raramente, o arranjo agrada a todos. As denúncias de “hegemonismo” são corriqueiras e partem de vários lados, inclusive dos palacianos. Em todo caso, os Chefes do Executivo procuram indicar para os cargos estratégicos líderes da sua extrema confiança – já sabendo que as alianças são feitas e desfeitas ao sabor dos ventos políticos. Lembrando que a base de hoje vai atuar na campanha de 2026.

Não podemos demonizar as indicações políticas. Ocorrem nas democracias consolidadas e devem ser fiscalizadas pela sociedade, Judiciário, imprensa e grupos de oposição. Diferente do que muitos alardeiam, as siglas
possuem nomes com experiência e formação técnica. A máquina pública não vai parar por causa desses movimentos. O que não se pode perder de vista é o projeto de gestão que une os mais diferentes partidos e indicados. Essa é uma das missões mais complexas dos governantes: acomodar os aliados (neutralizando possíveis crises), mas também garantir resultados para a população.

*Cleyton Monte

Cientista político, professor universitário, pesquisador e direfor do Instituto Centec.

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