Acompanho sempre com invulgar interesse a divulgação de prognósticos sobre a nossa economia. Não necessariamente por tê-los como banalizador final, mas com certo ar de ceticismo sobre o que de fato tentam passar à sociedade, onde expressam por vezes mais uma certa torcida do que propriamente análise real. Digo isso, porque, não nego, me divirto como essas previsões, que quase sempre erram, mas como o mercado não tem cara, nunca aparece ninguém para assumir, mesmo que esses erros influenciem os ganhos ou perdas desse mesmo mercado.
Durante o ano todo a imprensa se pauta por essas previsões, não importando que ao longo desse período, os especialistas, sob o “manto do mercado”, esqueçam impunemente o que previram como norma em dezembro do ano anterior. Assim, não faltam certezas para os próximos 12 meses sobre o câmbio, a inflação e a taxa de juros, mesmo que ao final, errem com absoluta certeza. É interessante colocar isso, porque poucos se dão ao exercício de checar no fechamento do ano, se as previsões se confirmaram. Confesso que também nunca tive saco para rever as previsões de maneira sistematizada, me atendo apenas em algumas.
Esta semana, porém, o UOL trouxe matéria onde foram levados em conta os anos de 2024, 2023, 2022 e 2021 para rever essas previsões. Para isso, foi usado o boletim Focus e a pesquisa “LatAm Fund Manager Survey”, feita pelo Bank Of America com gestores de fundos que aplicam no Brasil. Sabem o resultado? mercado errou 95% das previsões sobre economia e Bolsa desde 2021 no Brasil. Ou seja, praticamente tudo que foi previsto não se confirmou. Para não me tornar cansativo, quem quiser ler a matéria o link é este https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2025/01/25/mercado-erra-95-das-previsoes-sobre-economia-e-bolsa.htm, cito apenas alguns erros crassos.
Começo por 2024: PIB – A estimativa era de alta de 1,59%. O resultado de 2024 só sai em 7 de março, mas a alta acumulada em quatro trimestres até 30 de setembro foi de 3,1%. Em 2023, o Ibovespa, a principal aposta do mercado, repetida por 40% das projeções, era a de que o índice ficaria entre 110 mil pontos e 120 mil pontos. Mas 2023 fechou em alta de 22,28%, aos 134.185 pontos. Ainda em 2023, para o PIB, a previsão era de alta de 0,78%. Mas o PIB fechou em elevação de 2,9%, totalizando R$ 10,9 trilhões. Com relação ao dólar, deveria finalizar o ano a R$ 5,28. Mas a moeda americana caiu 8,06%, encerrando em R$ 4,85. Já a inflação/IPCA, estimava-se alta de 5,36%. O IPCA de 2023 ficou em 4,62%.
Em 2022, para o Ibovespa, maioria via o índice abaixo dos 120 mil pontos no fim o ano. A Bolsa finalizou 2022 com alta de 4,69%, a 109.735 pontos. O PIB, por sua vez, a previsão era de alta de 0,28%. Mas ela foi de 2,9% em relação a 2021. O dólar, esperava-se R$ 5,60. A moeda encerrou 2022 com queda acumulada de 5,32%, cotada a R$ 5,27. Para ser mais chato ainda com meus amigos do mercado, em 2021, a estimativa da Selic era terminar o ano com taxa de 3,25% anuais. Mas no encerramento, a taxa estava a 9,25% ao ano. O dólar, previa-se que a moeda terminasse a R$ 5. Mas a divisa subiu 7,47% sobre o real, encerrando o ano vendido a R$ 5,57. A Inflação/IPCA, a alta prevista era de 3,34%. A inflação ficou em 10,06% no ano.
Bom, para quem quer acompanhar e comparar ao final de 2025, deixo aqui as projeções para o final deste ano: Ibovespa – a maioria vê o índice entre 110 mil e 140 mil pontos, só 9% estimam o Ibovespa acima de 140 mil pontos no fim de 2025; Selic – sobe a 15%; PIB – 2,02%; Dólar – R$ 6,00; Inflação – IPCA 4,99%.
*Luiz Henrique Campos
Jornalista e Colunista do Blog do Eliomar.