Com o título “O Brasil na Opep+”, eis artigo de Fátima Vilanova, doutora em Sociologia. Ela aponta contradições do Governo Lula nesse assunto.
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Lula volta ao centro do palco do mundo, agora na COP-28, em Dubai, ao aceitar o convite para participar da Opep+, grupo que reúne além dos produtores de petróleo, que são membros efetivos, outros, na condição de observadores, sem direito a voz e voto. Lula justifica sua participação pela oportunidade, que ele pensa que terá, de poder sensibilizar os países produtores de petróleo a abandonar os combustíveis fósseis, abraçando as energias renováveis. Como Lula conseguirá seu intento, ninguém sabe, mas ele conseguiu o que para ele faz muito sentido: chamar a atenção para a sua pessoa, como o “salvador do mundo”, que continuamente se contradiz, por suas ações em direção contrária. Ele quer salvar o meio ambiente, enfrentar as mudanças climáticas, mas vai perfurar mais poços de petróleo no Brasil.
Lula na Opep+ não surpreende, pois ele Já posou de defensor da paz, igualando russos e ucranianos, sendo os russos os invasores, condenando o boicote americano e europeu à Rússia, ao qual atribuiu a continuidade da guerra. No ataque terrorista do Hamas a Israel, como não poderia deixar de ser, Lula escolheu o lado do Hamas para defender, que faz de seu povo, escudo humano, ao abrigar-se para defender-se dos ataques a Israel, em túneis subterrâneos construídos sob hospitais, escolas e bairros residenciais. Lula não menciona os civis seqüestrados pelo Hamas, a degola de crianças, nem a opressão dos terroristas sobre a população. Lula quer a paz impossível, ao ignorar os propósitos do Hamas, de exterminar Israel.
Lula sensibilizaria o mundo a abandonar os combustíveis fósseis, ao contrário de sua adesão à Opep+, se assumisse o compromisso na COP-28 de não perfurar mais poços de petróleo, de financiar, a juros simbólicos, o aproveitamento dos rejeitos orgânicos de toda a atividade produtiva do País, do lixo e esgotos das cidades, para a produção de biogás, e do sol e ventos para o fornecimento de energia para indústrias, empresas e famílias. Isto seria algo concreto, factível, mensurável. Mas isso não combina com Lula. Ele gosta mesmo é de discursar.
Outra iniciativa palpável que Lula poderia tomar para o enfrentamento das mudanças climáticas seria aceitar as cláusulas ambientais impostas pela França no acordo União Europeia-Mercosul. Lula diz combater o desmatamento ilegal, mas não aceita que Macron imponha restrições ao comércio de produtos oriundos de áreas desmatadas ilegalmente. Lula argumenta que a França não estaria defendendo o meio ambiente, mas seus pequenos agricultores da concorrência do agronegócio. O que importa é que tais cláusulas contribuiriam para a redução dos crimes ambientais no Brasil.
Coerência, Lula.
*Fátima Vilanova
Doutora em Sociologia.