“A violência urbana é incomparável com genocídio e a Flotilla da Resistência tenta levar os olhos do mundo para a solidariedade internacional”, aponta o professor universitário Alfredo Pessoa
Confira:
A narrativa sionista sobre a missão humanitária da Global Sumud Flotilla faz, deliberadamente, uma comparação superficial e sem sentido do genocídio cometido pelo Governo de Israel contra o povo palestino em Gaza com as vulnerabilidades sociais no Brasil. Teima em não reconhecer a matança generalizada em curso. De um lado, um Estado fortemente armado e, de outro, pessoas indefesas. Em Gaza já foram mortas mais de 65 mil pessoas, cerca de 17 mil crianças. Quase 90% dos mortos são civis.
Condenamos o genocídio em Gaza, condenamos as ações do Hamas, condenamos a detenção de reféns, condenamos as demais guerras, o comércio de armas e os conflitos fabricados para pôr a atividade econômica armamentista como uma das mais lucrativas. Que contradição: uma das coisas que mais lucros auferem dizima a humanidade. Comparar episódios que são duramente combatidos pelos poderes públicos estabelecidos ao genocídio vivido em Gaza beira o absurdo. A violência urbana é incomparável com genocídio e a Flotilla da Resistência tenta levar os olhos do mundo para a solidariedade internacional.
A Global Sumud Flotilla cumpre um papel humanitário, desarmado e de amor ao próximo, para levar mantimentos, alimentos e medicamentos a Gaza. São verdadeiros heróis e heroínas da humanidade. É a maior missão humanitária, organizada por 44 países. Aliás, 157 países reconheceram o Estado da Palestina na ONU. As manifestações não param. A Flotilla substitui um conjunto de nações que deveriam estar pressionando Israel pelo fim do massacre, que deveriam estar reeditando um novo Bretton Woods de convivência pela paz. Mas, para isso, teríamos que ter muitos líderes mundiais preocupados com a humanidade, como Lula, Papa Francisco e Mujica.
Enfim, a comparação é descabida e nada traz de contribuição para solucionar os problemas do Brasil. Ademais, não reconhece os esforços dos poderes e parece ter um míssil apontado para os brasileiros e a cearense que embarcaram na exitosa Flotilla da Resistência.
Alfredo Pessoa é professor da UFC (alfredoufc@gmail.com)