Eu acho que o adulto que escreve literatura infantil é um esperançoso. Pra mim, escrever pra criança é, acima de tudo, ter Fé, na vida e no futuro. Conversei com três esperançosas, a Cláudia, a Tais e a Nádia.
A escritora Claudia Melo escreveu o primeiro livro infantil aos 47 anos. “A obra “A menina que devolvia livros” estava guardada há dez anos e, ao conversar com a editora Rejane Nascimento, da Karuá, ela me disse que seria um livro lindo. Criei coragem e publiquei. Amo o meu primeiro livro. A partir dele, nasceu a ideia de criar a biblioteca comunitária Casa da Emília, nome da minha avó. Em seguida, veio o volume dois, com a personagem Mel. “A menina e a roda de histórias” relembra as lendas do Mulatão, comunidade rural em que nasci. “A Vida no Banho” é meu terceiro livro infantil. Ele foi pensado com muito carinho para as crianças da primeira infância. Desde a primeira ideia sobre o prazer e a higiene, o banho, que também é um momento de diversão para a criança, me pareceu um tema incomum e interessante. Além de direcionar para a importância da água para a vida. O livro trata do nascimento de uma criança e toda a narrativa acontece a partir do primeiro banho, à medida que Bento vai crescendo, a cada banho, ele tem experiências com a natureza e outros elementos. O livro é muito querido pelo seu público e só me trouxe orgulho. “A vida no banho” foi classificado no Primeiro Edital da Cidade Mais Infância e foi lançado neste equipamento, no dia mundial da água. Fiz dois cursos de literatura Infantil, trabalhei treze anos na educação infantil e li inúmeros livros, clássicos, contemporâneos nacionais, cearenses, premiados. Meus leitores Beta, que são crianças leitoras me dão pistas se estou num bom rumo ou não”, conta a escritora Cláudia Melo, idealizadora do Coletivo Lamparinas, que tem dois anos de existência e trinta e quatro escritores cearenses participantes.

Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza, da Academia de Letras do Colégio Farias Brito e ainda vencedora Prêmio Laurel Verbum Taís Assis tem um currículo que, acredite, faz jus aos seus catorze anos, já que ela lê há muito tempo. O primeiro livro, “A Astronauta Mila” nasceu quando ela tinha apenas nove anos. Ele conta a história da Mila, a única mulher em uma expedição espacial, que enfrenta a desconfiança dos colegas e ainda precisa superar uma sabotagem para cumprir a missão de descobrir um planeta misterioso.

“Eu quis mostrar que meninas também podem ser líderes, sonhar alto e criar suas próprias histórias. Esse livro fala sobre coragem, empatia e igualdade de gênero, e pode até ser usado em atividades ligadas à ciência, astronomia e projetos pedagógicos. Normalmente começo com uma ideia que me emociona ou me deixa curiosa. Meus dois livros publicados surgiram de redações propostas na escola. Gosto de imaginar personagens fortes e situações que façam as pessoas refletirem, mas também se divertirem. Em O Diário de Blanca Neves, por exemplo, eu trouxe a Branca de Neve para um universo moderno, cheio de redes sociais e tecnologia, porque queria falar sobre saúde mental, dependência digital e equilíbrio entre o virtual e o real. Me inspiro nas minhas próprias leituras, nas conversas com amigos e nas situações que vejo ao meu redor. Gosto de pensar em temas que sejam importantes para os jovens de hoje, como igualdade de gênero, empoderamento, tecnologia e os desafios do mundo digital. Uso muito minhas vivências nas minhas histórias”, conta Taís Assis, que começou a ler com cinco anos de idade e, pouco tempo depois, já escrevia.

Tais lançou seu primeiro livro, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, com o apoio e presença da mãe, em 2022. Ela conta que, desde cedo, ela e o marido incentivaram a filha a participar de clubes de leitura e concursos literários. “A Tais já ganhou prêmios literários, já teve livros adotados em escolas e já participou de Bienais e feiras. Além disso, faz palestras e visitas em escolas, levando sua experiência para inspirar outras crianças e adolescentes. Por tudo isso, acredito que a escrita sempre vai fazer parte do futuro dela. Se for carreira ou não, a literatura vai continuar sendo uma base sólida em sua vida”, conta Larisse Assis.

Nádia Aguiar é professora de português e de teatro. Conta que idealizava seminários com os alunos e transformou em prosa várias esquetes teatrais, publicando uma coleção sobre o meio ambiente na Bienal Internacional do Livro do Ceará de 2019. Autora da obra “Nati e o bom uso da água”. “Acredito que podemos salvar o mundo começando pelas crianças ao fazermos um trabalho de conscientização desde sempre. Trabalho com temáticas sobre meio ambiente, cuidado com a água e conscientização sobre dengue. Escrevo desde pequena, em diários e fazia poesias. Sempre gostei de clássicos como O Pequeno Príncipe, Alice no País das Maravilhas e o Sítio do pica-pau Amarelo”, conta Nádia Aguiar.
