“A farsa do modelo de coalizão no Brasil” – Por Luiz Henrique Campos

Com o título “A farsa do modelo de coalizão no Brasil”, eis a coluna “Fora das 4 Linhas”, assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “Um interessante levantamento apresentado pelo UOL esta semana, indica, por exemplo, que partidos como o União Brasil, PP, PSD, Republicanos e MDB, possuem quase 400 cargos comissionados no governo federal, mas têm suas lideranças apresentando-se como principais opositores da gestão do presidente Lula”, expõe o colunista.

Confira:

O conceito de governo de coalizão surge da necessidade da união de partidos com aproximações programáticas, a partir da necessidade prática de formar maiorias parlamentares estáveis em regimes democráticos multipartidários, especialmente em sistemas parlamentaristas, mas também em presidencialismos, cujos partidos políticos se comprometem a governar juntos, compartilhando cargos e responsabilidades no Executivo, a fim de garantir apoio político e estabilidade no Legislativo.

Historicamente, esse modelo se consolida no século XIX, com o amadurecimento das democracias parlamentares na Europa Ocidental, e, depois, em países como Alemanha, Itália e Holanda. Essa condição se dá em vista da complexidade da sociedade, que por meio das agremiações partidárias representariam, em tese, diferentes grupos sociais, tornando cada vez mais difícil um único partido conquistar sozinho a maioria dos assentos no Parlamento.

E porque ressalto o termo em tese? Justamente, porque por conta das chamadas coalizões, seria possível os governos negociarem alianças em prol do bem comum, atendendo os anseios da maioria da população. Nada demais, então, que mesmo perdendo a eleição, um partido pudesse participar das decisões de governo e indiquem seus membros para compor a gestão pública.

Acontece, todavia, que no Brasil, onde desde a redemocratização o termo ganhou força, o chamado governo de coalizão não passe muitas vezes de uma barganha por cargos. Mas se isso, por si, já fosse um desvirtuamento completo do conceito, a coisa se torna pior, quando, mesmo no governo, ocupando cargos, os partidos ainda se acham no direito de votar e se posicionar contra o próprio governo no qual ocupa esses cargos.

Um interessante levantamento apresentado pelo UOL esta semana, indica, por exemplo, que partidos como o União Brasil, PP, PSD, Republicanos e MDB, possuem quase 400 cargos comissionados no governo federal, mas têm suas lideranças apresentando-se como principais opositores da gestão do presidente Lula. O União Brasil chega a ocupar 119 desses cargos comissionados, vindo, a seguir, em quantidade, MDB, PSD, PP e Republicanos.

Diante disso, a pergunta que fica é: qual é a moral que esses partidos têm para se apresentarem como alternativa, como sugerem seus líderes, se de uma forma ou outra, estarão sempre acostados ao poder sugando nas tetas do Estado?

*Luiz Henrique Campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.

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