Com o título “Maceió grita por justiça”, eis artigo de Fátima Vilanova, doutora em Sociologia. Ela aborda o absurdo da Brasken na Capital alagoana.
Confira:
Mais uma tragédia ambiental, agora em Maceió, causada pela Braskem, na exploração de minas de sal-gema, por vazamento de líquido, em parte das 35 exploradas, que causou instabilidade no solo, formação de cavidades, rompimento de mina e afundamento em cinco bairros. A atividade vem sendo desenvolvida desde 1979 e, a partir de 2018 teve que deslocar aproximadamente 60 mil pessoas, causando-lhes transtornos diversos, como perda de moradia, comércio, e da exploração da atividade de pesca, exercida na lagoa Mundaú. Os danos ambientais são irreversíveis, incalculáveis.
Estes vazamentos deveriam ter sido previstos e evitados, pela própria Braskem, e a atividade, monitorada por órgãos ambientais. O desleixo de ambos de ambas as partes é criminoso, e as responsabilidades têm que ser apuradas. A instalação da CPI da Braskem, proposta por Renan Calheiros, é mais que oportuna, embora desagrade ao governo Lula, por ser a Petrobras dona de 47% das ações da empresa, e a lideranças políticas de Alagoas, como Arthur Lira, presidente da Câmara.
Renan Calheiros tem no pedido de instalação da CPI oportunidade de enfrentar seus adversários políticos. Essa é a questão dele. Mas a CPI lançará luzes sobre a forma correta de exploração das minas, os cuidados a observar, a tecnologia disponível para uma exploração mais sustentável, apontará a magnitude dos prejuízos ambientais, sociais e econômicos, e os responsáveis pelo crime ambiental.
A primeira providência que o governo deveria adotar, mediante atuação da Procuradoria Geral da República, seria pedir o afastamento de toda a direção da Braskem, substituindo-a por uma gestão que preserve os interesses dos acionistas e das populações atingidas pelos vazamentos, com total transparência de suas ações. Aliás, toda a diretoria da Braskem já deveria estar presa.
A conta dos prejuízos não pode ser assumida pela sociedade brasileira, pela população das áreas destruídas pelas atividades da Brasken, que tem a Novanor, ex-Odebrech, como dona de 50,1% das ações, mas pelos que são diretamente responsáveis pela tragédia. Que a CPI escancare as entranhas deste crime.
*Fátima Vilanova
Doutora em Sociologia.
Respostas de 2
Olá, Dra Fátima!
Espero que esteja bem. Meus sinceros parabéns pelo seu recente artigo” Maceió Grita por Justiça”. Sua abordagem perscipicaz e profundamente analítica sobre a situação atual em Maceió é verdadeiramente impressionante.
Artigo muito esclarecedor! Que todos os culpados sejam punidos.