Com o título “Monumento em clima de abandono”,eis artigo de Eliézer Rodigues, presidente da Associação Cearense de Imprensa (ACI). Ele denuncia a situação precária da estátuia de José de Alencar, que fica em praça homônima na Capital cearense.
Confira:
Considero justa e necessária a preocupação de ex-presidente, ex-diretores e sócios da Associação Cearense de Imprensa (ACI), em cobrar posicionamentos pontuais sobre questões recentes, envolvendo patrimônio público. Seria alvissareiro incluir, nesse balaio de inconformismo cultural, embora repentino, um elemento tão importante quanto os demais.
O propósito aludido: exigir das autoridades competentes a restauração de monumento, considerado o conjunto escultório mais belo de Fortaleza, construído por determinação da diretoria da ACI, na Praça José de Alencar, em homenagem ao escritor, cujo nome é homenageado naquele espaço público.
A honraria ao autor do romance “Iracema” é uma peça em granito branco de Itaquara, com altura de 6,5m e 4 m de largura, de autoria do escultor Humberto Bartolomeu Cozzo, erguido quando das comemorações do centenário de nascimento do escritor, em 1929. A obra é resultado da persistência do presidente da ACI à época, Gilberto Câmara, que mobilizou vários setores da sociedade de Fortaleza, em busca de recurso para financiar o empreendimento artístico. Até jogo de futebol aconteceu para colaborar financeiramente.
Devido a incúria, a negligência e desleixo dos governantes, no que diz respeito a preservação de bens públicos, ao longo dos tempos, a obra sequer vem recebendo tratamento adequado e técnico de conservação. A mais recente “restauração”, acontecida em 2020, foi catastrófica: pintaram, irresponsavelmente, a estátua do homenageado com tinta amarelo ouro. Um crime! Deformação acrescida de pichamentos que emporcalham o trabalho artístico.
Nas reminiscências dos meus tempos de repórter, estão lá, nas páginas dos jornais ( O Povo e Diário do Nordeste), meus testemunhos denunciativos do descuido e abandono que sofrem obras de arte que ornamentam ambientes públicos cearenses. Daqueles momentos de carreira profissional, acresci, também na minha fase de escritor. Constam no meu livro “Praça José de Alencar: Tempos e Vivente” (2022) – entre as páginas 88 e 91), observações contra os desmandos que a estátua do escritor vem sofrendo.
Recentemente, já no exercício da presidência da ACI, estive no gabinete da secretária de Cultura do Município, Helena Barbosa, com o mesmo objetivo: solicitar providências para a restauração do monumento da Praça José de Alencar, obra construída graças ao empenho da nossa centenária ACI. Tem até placa de bronze, na base da peça artística, aludida ao trabalho da instituição.
OBS: Quanto ao posicionamento da ACI sobre as questões pontuais concernente ao patrimônio público, só a diretoria tem poderes de definições. Colocarei os assuntos pertinentes na pauta da reunião, no próximo sábado, dia 13. O encontro é aberto, também, aos associados.
*Eliézer Rodrigues
Presidente da Associação Cearense de Imprensa (ACI).
Uma resposta
O abandono e o descaso dos governantes com o patrimônio cultural de Fortaleza quase se equipara ao o ódio às arvores. Recentemente uma obra do Sérvulço Esmeraldo foi demolida. A Casa Rachel de Queiroz está caindo. E o monumento a José de Alencar está servindo para fazer propaganda de facção. Evandro E Elmano fazem cara de paisagem.