“Hugo Motta: aprendiz de feiticeiro” – Por Sara Goes

Sara Goes é jornalista e comunicadora

“Presidente da Câmara fala como quem administra uma crise contínua”, aponta a jornalista Sara Goes

Confira:

“Não tivemos um ano fácil, foi um ano de muitos desafios, um ano de embates, mas o ano que o Congresso Nacional não faltou ao governo do senhor.” A frase estabelece um limite claro para a relação entre Executivo e Legislativo. Ela não aponta convergência nem compromisso duradouro. Serve apenas para registrar que a convivência institucional não colapsou.

É a partir desse enunciado contido que se pode compreender o personagem político que hoje ocupa o centro do palco. Hugo Motta fala como quem administra uma crise contínua sem admitir o papel que teve na sua formação. O Congresso, segundo ele, cumpriu o mínimo necessário. Nada além disso foi prometido.

A metáfora do Aprendiz de Feiticeiro ajuda a organizar essa leitura. No poema de Johann Wolfgang von Goethe, depois difundido por programas infantis, o aprendiz tem acesso às palavras do feitiço, mas não domina o momento de fazê-lo cessar. O conhecimento operacional existe. A autoridade para controlar seus efeitos, não.

Sara Goes é jornalista e âncora da TV 247 e TV Atitude Popular. Nordestina antes de brasileira, mãe e militante, escreve ensaios que misturam experiência íntima e crítica social, sempre com atenção às formas de captura emocional e guerra informacional. Atua também em projetos de comunicação popular, soberania digital e formação política. Editora do site codigoaberto.net

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