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“Autorregulação: Você pode diminuir a violência na cidade”

Plauto de Lima e seus temas municipalistas. Foto: Arquivo Pessoal.

Com o título “Autorregulação: Você pode diminuir a violência na cidade”, eis artigo de Plauto de Lima, coronel RR da PMCe, especialista em Segurança Cidadã e mestre em Planejamento de Políticas Públicas. “(…) um governo local pode ter uma agenda pedagógica sem muito custo e com a participação da população, pensando em ações de autorregulação conforme a necessidade do município, com o objetivo de diminuir a violência na cidade e corrigir infratores”, expõe o articulista.

Confira:

A autorregulação cidadã foi entendida de duas maneiras: a pessoal (por convicção ou por temor antecipado às sanções por desobediência às normas) e a interpessoal, também descrita como mútua regulação. A mútua regulação é quando a população adota atitudes cidadãs para agir segundo a própria consciência, em harmonia com a lei. Esse tipo de regulação se expressa quando existe a desobediência às normas que levam a sanções sociais, desde ver que alguém fez cara feia em sinal de desaprovação ou censura, até ser excluído de um grupo. Essa regulação, em geral, provoca sentimentos de vergonha. Inversamente, pessoas que agem em conformidade com as normas sociais são premiadas com reconhecimento e inclusão.

A ciência social recente tem chamado a atenção para os fenômenos de cooperação de massa em que os cidadãos chegam a colaborar. São ações em que, se não há um número suficiente de cooperadores, o esforço se perde, não tem efeito, e os que cooperam, às vezes, dão mais do que recebem. Algo que atrapalha as ações coletivas é um pessimismo quantitativo (minha contribuição não faz diferença) e o fato de que o ideal, para o indivíduo oportunista, seria que os demais colaborassem e ele fosse o único isento de fazê-lo.

Na maioria desses experimentos os cientistas dão grande importância a capacidade humana de se comunicar por meio da fala. Mas não podemos minimizar a nossa capacidade de nos comunicar por linguagem não verbal, e essas mensagens podem se comunicar melhor do que com a nossa linguagem falada. Como afirma o professor Mlodinow: “Os gestos que fazemos, a posição em que mantemos nosso corpo, as expressões de nosso rosto e as características não verbais do nosso discurso, tudo isso contribui para a forma como os outros nos veem.

A prefeitura de Bogotá colocou em prática um experimento, utilizando a comunicação não verbal como autorregulação, para diminuir a violência no trânsito. Para fazermos uma avaliação do quanto esse tipo de comunicação surte efeito, basta imaginarmos uma pessoa no trânsito fazendo um gesto obsceno na nossa direção.

Em Bogotá, foram distribuídos 350 mil cartões entre os motoristas da cidade, com o convite a usar o lado branco com o polegar para cima, para reconhecer comportamentos conforme as normas de trânsito, e usar o lado vermelho com o polegar para baixo, para reprovar comportamentos indevidos. Dessa maneira, os cidadãos envolveram-se na mútua regulação. Os que não o fizeram reconheceram-se como corresponsáveis. O experimento foi um sucesso, tendo registrado um considerável aumento do respeito às normas de trânsito por parte dos motoristas.

Um outro exemplo de autorregulação foi usado nos estádios de futebol, esse alinhado à punição eficaz do infrator ou do clube mandante da partida. Era comum nos estádios de futebol do Brasil o arremesso de objetos no campo. Isso praticamente acabou quando começaram a punir o clube mandante do jogo, ou quando era identificado o torcedor que cometia a infração. Nesse caso, quando algum objeto era lançado no campo, a própria torcida identificava o infrator e o entregava para polícia, eximindo o clube da culpa e individualizando a conduta do torcedor infrator.

Esses exemplos ilustram a ideia de que um governo local pode ter uma agenda pedagógica sem muito custo e com a participação da população, pensando em ações de autorregulação conforme a necessidade do município, com o objetivo de diminuir a violência na cidade e corrigir infratores.

*Plauto de Lima

Coronel RR da PMCe, especialista em Segurança Cidadã e mestre em Planejamento de Políticas Públicas.

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