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“Idosos na prevenção de crimes”

Plauto de Lima e seus temas municipalistas. Foto: Arquivo Pessoal.

Com o título “Idosos na prevenção de crimes”, eis artigo de Plauto de Lima, Coronel RR da PMCe, mestre em Planejamento de Políticas Públicas e especialista em Segurança Cidadã. “O poder público pode agregar essas pessoas e criar uma rede de vigilância cidadã, por meio de grupos compostos por agentes de segurança e pessoas idosas, com o objetivo de informar qualquer fato que altere a ordem social no entorno da sua residência”, expõe o articulista.

Confira:

O conceito de “espaço defensável” foi tomado da antropologia e da arquitetura, sendo adaptado à segurança pública com a Teoria dos Espaços Defensáveis, desenvolvida por Jane Jacobs, que cita a segurança situacional contra o crime partindo da vigilância natural nos espaços urbanos, trazendo novas possibilidades de desenvolver estratégias preventivas (Glaeser, 2011). Os locais de moradia passaram a ser vistos como apropriados para a vigilância dos próprios moradores.

Quando relacionamos idoso e crime, sempre obtemos como resposta a violência desferida contra o idoso. Infelizmente, isso ainda é uma triste realidade que devemos combater com ações educativas, preventivas, repressivas e punitivas. Contudo, soa estranho quando falamos que o idoso pode exercer um papel importante no combate e na prevenção de crimes, e não somente contra ele, mas contra toda a população. Aliás, muito desse conceito de ver o velho como vítima indefesa está arraigado em uma visão estereotipada da pessoa velha abandonada que perdeu tudo, porque perdeu a juventude. As pessoas acham que envelhecer é deixar de viver. Ledo engano.

A maturidade tem seus encantos. Para quem só enxerga resignação na velhice, eu lembro que é na velhice que a sabedoria aponta seus mais preciosos frutos. Como afirma a escritora Lya Luft: “A vida é sempre nossa vida, aos 12 anos, aos 30 anos, aos 70. Dela podemos fazer alguma coisa mesmo quando nos dizem não. Dentro dos limites, do possível, do sensato (até algumas vezes do insensato), podemos. Só seremos nada se acharmos que merecemos menos de tudo que ainda é possível obter” (Luft, 2003). E foi pensando nas virtudes e vantagens que temos na velhice que foram desenvolvidos projetos que colocam o idosos como seu principal protagonista.

A ideia parte do princípio de que pessoas idosas, e na sua maioria aposentadas, são mais atentas às movimentações próximas da sua casa, a dinâmica da rua e seus rotineiros personagens. Quando algo novo surge, essas pessoas são as primeiras a perceberem alteração. Seja uma pessoa estranha ao ambiente, um carro que não costuma circular nos arredores, uma sinalização adulterada, uma vegetação encobrindo a iluminação, um buraco na via etc. Quando utilizamos isso de forma intencional e programática na prevenção da violência, esse comportamento coletivo forma um “sistema de vigilância cidadã”.

Esse tipo de prevenção ao crime segue o raciocínio de que pessoas com os “Olhos na Rua” podem trazer mais segurança à população, aumentando a integração e a parceria entre sociedade civil organizada e os mecanismos da segurança pública, aproveitando a sua localização residencial para passar para as forças de segurança, de forma anônima, informações confiáveis sobre crimes ou ações suspeitas.

Com o advento das redes sociais essa estratégia ganha amplitude, pois conseguimos nos comunicar com mais facilidade, velocidade e com o número maior de pessoas. E o idoso, por ter mais tempo livre em sua residência, participa ativamente dessas redes de relacionamento virtual.

O poder público pode agregar essas pessoas e criar uma rede de vigilância cidadã, por meio de grupos compostos por agentes de segurança e pessoas idosas, com o objetivo de informar qualquer fato que altere a ordem social no entorno da sua residência. Esses grupos podem ser separados por bairros, regiões ou até mesmo cobrir toda a extensão do município. Com isso o gestor público, além de fortalecer os laços sociais, valoriza a pessoa idosa, amplia o seu olhar sobre a cidade e previne o crime e a violência.

*Plauto de Lima

Coronel RR da PMCe, mestre em Planejamento de Políticas Pública e especialista em Segurança Cidadã.

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