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Jornalista cearense vence prêmio nacional de Antropologia

Bruno de Castro é jornalista

A pesquisa “Tudo o que nóiz tem é nóiz: Um estudo sobre narrativas negras do jornalismo brasileiro”, do jornalista cearense Bruno de Castro, foi a vencedora do 3º Prêmio Lélia Gonzalez, da Associação Brasileira de Antropologia (Aba), na categoria “Melhor Dissertação de Mestrado”.

O anúncio foi feito nessa quinta-feira (25), em Brasília. Jornalista por formação, Bruno de Castro hoje está no Doutorado em Comunicação da UFC.

Essa é a primeira vez que o Ceará vence uma categoria de pós-graduação do Prêmio, que recebe trabalhos dos mais tradicionais cursos de Antropologia do Brasil e elege as pesquisas de melhor qualidade acadêmica desenvolvidas por pessoas negras e que contribuem na luta contra o racismo.

O trabalho foi desenvolvido entre os anos de 2021 e 2022, quando ele integrava o Programa Associado de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira e da Universidade Federal do Ceará (PPGA Unilab/UFC).

Na edição anterior, em 2022, a estudante Juliana Silva Chagas, também do PPGA Unilab-UFC, recebeu uma menção honrosa pela dissertação “Negritude. Moda afro. Diáspora. Afroempreendedorismo”. Já na primeira edição do Prêmio, em 2020, a estudante Naiana Jesus Pinto ficou em primeiro lugar na categoria “Artigo Acadêmico”, destinada a estudantes negros(as) de graduação, com o estudo “Território falante: uma escrevivencia das experiências e (r)existências do Quilombo Dom João”.

A Pesquisa
Na pesquisa, Bruno de Castro reflete sobre a atuação de mídias negras brasileiras desde o período da ditadura militar até os dias de hoje, buscando compreender por que essas plataformas de conteúdo existem, como articulam-se e de que maneira lidam com demandas sociais. Para isso, entrevistou 12 comunicadores(as) negras(os) de três gerações diferentes e de seis estados brasileiros distintos: São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul e Amazonas. Além disso, citou apenas autoras(es) negras(os).

O mestre em Antropologia produziu uma pesquisa na qual são citadas(os) somente intelectuais negras(os) da Comunicação, do Jornalismo, da Antropologia e de áreas afins das Ciências Sociais e Humanas. No mundo acadêmico, esse tipo de estudo é chamado de “afrorreferenciado”. Além disso, Bruno resgatou a história de cada uma dessas pessoas em notas minibiográficas. O trabalho foi orientado pela professora Vera Rodrigues.

“A pauta racial ainda não ocupa o lugar que deveria no ambiente acadêmico. Mesmo com os avanços no campo dos direitos humanos e da garantia de direitos civis das últimas décadas, debater o racismo é algo que enfrenta muita resistência nas universidades. No Jornalismo, por exemplo, onde estou agora, a discussão racial é quase nenhuma. E ela tem que acontecer, porque todos nós, antes de sermos jornalistas, somos pessoas com uma raça. Raça essa que é determinante para o modo como nós compreendemos os fenômenos sociais e, consequentemente, como vamos narrar esses fenômenos para o nosso público. Essa pesquisa, então, é uma pequena contribuição para que mais estudos sejam feitos colocando a raça como elemento central do Jornalismo. O meu só foi possível porque intelectuais como Lélia lutaram para isso. Ela abriu caminhos”, afirma Bruno de Castro.

Quem foi Lélia Gonzalez
Homenageada pelo prêmio da Aba, Lélia Gonzalez foi uma filósofa e antropóloga brasileira. Nascida em Belo Horizonte (MG), ela é uma das maiores referências nos estudos e debates de raça, gênero e classe no mundo, sendo uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU). Atuou politicamente contra o racismo e o sexismo, e cunhou conceitos importantes para os estudos das relações raciais, tais como o de “amefricanidade” e “pretuguês”.

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