“Evandro se limitou a pedir respeito a quem estava disposto a praticar o esquartejamento”, aponta o jornalista Nicolau Araújo.
Confira:
Dos sete candidatos a prefeito de Fortaleza, que nessa noite de quinta-feira e madrugada desta sexta-feira participaram do Debate Band, somente três estão com suas estratégias definidas: Sarto (PDT), Evandro Leitão (PT) e Eduardo Girão (Novo). Já André Fernandes (PL), Capitão Wagner (UB), Técio Nunes (Psol) e George Lima (SD) ainda buscam uma melhor linha de discurso.
Wagner até pode achar que já se definiu na disputa eleitoral, diante do perfil de “bom moço”. Mas a perda natural de pontos percentuais no decorrer das pesquisas, levará o candidato do União Brasil a uma postura mais agressiva. Outro que se mostra convencido de estar com a estratégia preparada é Técio Nunes, mas, acreditem, debate eleitoral nunca foi local para discussão de propostas. Enquanto isso, George Lima vai para onde a vida o levar.
André Fernandes mostrou uma rara condição de se reinventar de um bloco para o outro. Como em uma “queimada de largada”, o candidato do PL iniciou o debate com o que deverá ocorrer neste primeiro turno do período eleitoral: um confronto com Capitão Wagner, diante das duas candidaturas estarem na mesma raia. Girão também, mas bastante distante de André e Wagner. O curioso é que o rompimento terá que ocorrer por meio de Wagner, pela perda de pontos percentuais para o candidato legitimado pela direita. Caso Capitão Wagner siga com a estratégia do “bom moço”, terá uma desidratação passiva, enquanto André seguirá em defesa da linha Bolsonaro/Tarcísio de Freitas, além do enfrentamento dos ataques da esquerda.
Eduardo Girão fez valer seus cabelos brancos para passar experiência, mas lhe sobrou ingenuidade quando teve que trocar de camisa, após reclamação de Sarto. A frase “não falta dinheiro na prefeitura, falta gestão” teve aprovação da direção do debate, diante da não previsão da proibição desse tipo de manifestação. Ao ceder ao incômodo de Sarto, Girão cedeu ao prefeito Sarto e não ao candidato do PDT, com direito a puxão de orelha e lição de moral por parte do prefeito… candidato… não, prefeito!
E o perfil de opressor não é a principal estratégia de Sarto, mas a cusparada de números da gestão municipal na economia, na saúde, na educação, na publicidade. O natural despreparo dos demais candidatos no primeiro debate, quando a ansiedade é maior que a razão, fez com que Sarto elevasse a educação de Fortaleza como a melhor do Brasil. Sem pudor… Sarto conseguiu, inclusive, vender no debate que entregará um hospital no próximo mês, ao se referir ao Gonzaguinha da Messejana. Não há ganho político quando antes o que se retirou da população provocou tamanho prejuízo. O prefeito não apresentou um estudo de impacto no atendimento à Grande Messejana e sequer compensou mulheres no pré-natal com transporte gratuito a outras unidades. E passeou de “bom doutor” na falta de vivência dos demais candidatos em uma disputa majoritária. A exceção do campeão em eleições Capitão Wagner, ex-secretário de Saúde de Maracanaú, no momento travestido de “bom moço”.
E o coração valente do PT, Evandro Leitão, também sucumbiu a Sarto, quando apostou que o ex-amigo e ex-correligionário não o chamaria de “covarde” olho no olho. Evandro se limitou a pedir respeito a quem estava disposto a praticar o esquartejamento. E o pedido soou como fraqueza. A espada do coração valente do PT se mostrou afiada quando do debate com André Fernandes. Mas novamente houve pedido de respeito.
Sarto poderia ser apontado como vencedor do Debate Band, se a sua cusparada de números não fosse invisível à população…
Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido