Com o título “Gestão eficiente na Educação”, eis artigo de Djalma Pinto, advogado e escritor. Ele lamenta a falta de políticas ppublicas no plano educacional.
Confira:
Nestas eleições, pela primeira vez, o tema boa-governança, gestão eficiente e combate eficaz à desigualdade está na pauta dos candidatos em diversos municípios.
A demora em captar esses pontos essenciais para garantia da prosperidade responde pelo atraso do país. As condições favoráveis, que lhe transformariam em nação de primeiro mundo, são historicamente desperdiçadas por ausência de políticas públicas direcionadas ao combate de uma das causas determinantes da pobreza: a falta de escolaridade de uma parte expressiva da população.
No livro, “Pastoral Urbana – Práticas e Desafios”, a advertência sobre os entraves decorrentes da opção político-partidária que inviabilizam a concretização da justiça social, da inclusão e da solidariedade no Brasil: “apesar de tentadora, pode se revelar enganosa e enganadora, pois se passa a lidar com pessoas e grupos que têm interesses no poder, em vantagens pessoais, nos jogos do mercado, na idolatria do dinheiro”.
Como justificar o fato de um país rico conviver com a crescente dependência do seu povo das migalhas oficiais para sobreviver? A explicação parece simples. Pobreza se combate com trabalho. Trabalho bem remunerado pressupõe escolaridade como condição elementar para o sucesso pessoal no mercado globalizado e competitivo.
Constata-se, porém, injustificada diferença na qualidade da educação disponibilizada às crianças, filhas de pessoas carentes, daquela oferecida pela escola privada aos filhos dos mais abastados. A raiz dessa desigualdade reside na gestão pouco eficiente dessa pasta pelo setor público.
Escola sem qualidade é atestado de gestão ineficiente. Incapaz de transmitir saber e valores aos que a frequentam. Sem escolaridade, a dependência dos auxílios oficiais é quase certa. Todo ser humano, para ter uma alimentação correta, precisa de três refeições: café da manhã, almoço e jantar. Sem trabalho algum, muitas pessoas passam a exibir cartazes nas esquinas, implorando pela caridade de terceiros.
O professor André Haguette, em 1987, chamava a atenção para a necessidade da melhoria na qualidade da gestão escolar: “Décadas de prática administrativa tornaram a rede escolar meio para uma atividade política de caráter partidário, eleitoreiro e patrimonialista. Tomar a ação pedagógica finalidade primeira e única da gestão educacional exige, por parte de seus dirigentes e dos governantes, um rompimento radical com uma maneira de fazer política e educação”.
Passados 37 anos dessa lúcida ponderação, persiste a falta de qualidade na gestão escolar, razão determinante da pobreza, violência e agravamento da desigualdade. Municípios convivem com a indicação politiqueira de pessoas sem o preparo necessário para a direção de escolas públicas. A partir dos exemplos de países, que evoluíram após a priorização do ensino básico pacificou-se, em todos os segmentos da sociedade, a certeza de que sem educação de qualidade não há solução para os problemas sociais. Falta apenas adotar as boas práticas que deram certo por lá.
Não se pode, porém, ter ilusão. Sem governantes com amor à causa do ensino fundamental, mentalidade arejada e comprometimento com a eficiência na condução da administração pública, o receituário será sempre o mesmo: mais tributos, mais pobreza e maximização da violência.
Gestão eficiente pressupõe competência, dedicação e seriedade na aplicação dos recursos. Dela decorre o sucesso das empresas privadas, dos times de futebol e das escolas públicas nos países que se livraram do subdesenvolvimento.
*Djalma Pinto,
Advogado, autor de diversos livros, entre quais Pesquisas Eleitorais e a Impressão do Voto; Ética na Política e Distorções do Poder.
Uma resposta
A educação é o caminho sustentável para combater o atraso econômico, político e social do Brasil. Para que a educação possa atingir o padrão de qualidade necessário às transformações, é preciso despolitizá-la, afastando os políticos de sua gestão. Todavia, não ê só da gestão das escolas que eles precisam ser afastados, mas de toda a administração pública. Deve-se dar lugar, na máquina pública, a servidores de carreira, concursados, com titulação correspondente ao catgo a ser assumido. Fim ao loteamento de cargos é a premissa necessária. Parabéns pelo brilhante artigo!