Com o título “A mileiada e a família de besta como fenômeno universal”, eis o título da Coluna “Fora das 4 Linhas”, assinada, nesta segunda-feira, pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “Milei foi eleito com várias promessas não concretizadas e seus ajustes são cortina de fumaça para inflar resultados econômicos, sendo que o preço que os argentinos estão pagando por este ajuste é enorme”, expõe o colunista.
Confira:
O amigo fotógrafo Tuno Vieira, com quem fiz muitas coberturas jornalísticas no Diário do Nordeste, gostava de dizer, quando se via diante de fatos envolvendo pessoas caindo em golpes extraordinários, que as duas maiores famílias existentes no Brasil, são a Silva e a de besta. É claro que ríamos após essa afirmação, porque a sentença resumia quase sempre o porque das pessoas caírem tão fácil em fraudes surreais. Basta ver o que aconteceu na última sexta-feira com a mileiada do presidente argentino, incentivando os hermanos a investirem cegamente em criptomoeda fajuta, o que fez com que após a disparada por conta do alto volume de investimento, os desenvolvedores da moeda vendessem seus ativos e a moeda perdesse praticamente todo seu valor.
De acordo com o La Nacion, 80% dos ativos da $LIBRA estavam nas mãos dos desenvolvedores, que criaram o site para divulgar a moeda instantes antes do presidente Javier Milei fazer sua divulgação. Com isso, a venda em massa após a valorização fez com que a moeda entrasse em colapso. O volume de recursos movimentados pelas compras e vendas teria chegado a US$ 4,5 bilhões no intervalo de duas horas, pois o ativo, com a postagem de Milei, subiu 10 vezes seu preço, despencando horas seguintes, fazendo milhares de investidores perderem o dinheiro investido.
Com o desastre e a família de bestas argentinos desesperadas, o que fez Milei? Simplesmente apagou a mensagem e disse não estar ciente de detalhes do projeto, sobre o qual, ele tinha afirmado: “A Argentina Liberal cresce. Este projeto privado se dedicará a incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos. O mundo quer investir na Argentina”. Se Tuno estivesse vivo, tenho certeza que ao saber dessa enrolada, cairia na gargalhada e voltaria a fazer referência as duas maiores famílias, com o adendo de que basta dar uma olhada no que diz o presidente Argentino para saber que não se deve confiar no que fala e propaga.
Ora, Milei foi eleito com várias promessas não concretizadas e seus ajustes são cortina de fumaça para inflar resultados econômicos, sendo que o preço que os argentinos estão pagando por este ajuste é enorme. Ressalte-se, por exemplo, que a recessão causada pelas medidas de Milei fez com que o país fosse o que mais contraiu economicamente: 3,4%. Além disso, a freada na economia exacerbou a pobreza, que aumentou 11 pontos percentuais desde a sua chegada ao poder, o maior salto em 20 anos. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec), sete em cada dez crianças argentinas são pobres. E mais da metade da população — quase 53% — não consegue satisfazer suas necessidades básicas.
Mas é isso. Se Tuno, de fato, tinha razão com relação aos Silva no Brasil, não podemos manter esse privilégio quanto aos bestas, que em verdade, se trata de fenômeno universal.
*Luiz Henrique Campos,
Titular da Coluna Fora das 4 Linhas.
