“A resposta a essa nova Colonização Digital passa, inevitavelmente, pela educação. As universidades deveriam assumir a liderança em uma ‘contrarrevolução tecnológica'”, aponta o professor Mauro Oliveira
Confira:
A Inteligência Artificial (IA) Generativa, tecnologia por trás do ChatGPT e de concorrentes como Gemini, Claude e Llama, possui um potencial sem precedentes. No entanto, também carrega o risco de aprofundar desigualdades, especialmente em países com atraso em ciência, tecnologia e Inovação (CT&I) como o Brasil.
Embora seja a 9ª economia mundial, o Brasil ocupa a 89ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), refletindo o paradoxo de uma nação rica em recursos, mas “devagar quase parando” em inovação (CNPJ). Enquanto países que investem em CT&I avançam como “Ferraris do conhecimento”, colhendo qualidade de vida, o Brasil segue como um Fusca das commodities, preso à dependência tecnológica, o “fona” na pista global do IDH.
Estamos vivenciando a consolidação de uma nova forma de colonização global. Assim como no passado, quando nossos ancestrais eram seduzidos por espelhos e miçangas, hoje nos deixamos fascinar por dispositivos e aplicativos “made in lá fora” que escondem mecanismos insidiosos de exploração cultural e dependência tecnológica.
Para adquirir um celular tipo PP (“Peba Plus … rsrs”) de R$ 3 mil, são necessárias 10 sacas de soja ou 6 mil laranjas ou 60 kg de carne moída. Tirando impostos e logística, o grosso do dinheiro vai parar nos cofres do outro lado do mar.
Um dia acordei e percebi que, mensalmente, estava patrocinando a Microsoft (Office), a Netflix e a Amazon (cancelar dá mais trabalho que pagar … rsrs), o Google (meu HD virou um pedaço da nuvem deles) e ainda enviava U$20 (antes do DeepSeek aparecer) para o Sam Altman do ChatGPT ficar na lenga-lenga com o Elon Musk, um querendo comprar o “brinquedo” do outro.
A resposta a essa nova Colonização Digital passa, inevitavelmente, pela educação. As universidades deveriam assumir a liderança em uma “contrarrevolução tecnológica”. Um passo inicial poderia ser a implantação massiva de Tecnologia de Prompt (instrução que você dá à IA Generativa para ela entender o que você quer, simples assim) em todos os cursos, a exemplo dessa iniciativa do Centec no Pirambu Innovation, em 2024.
Isso não apenas mitiga os efeitos da Colonização Digital, mas também coloca o Brasil em posição de destaque no crescente mercado global de IA Generativa. Com isso, nossos jovens passam de simples consumidores passivos a usuários ativos dessa nova tecnologia disruptiva.
Paralelamente, é fundamental engajar lideranças empresariais, políticas e educacionais em discussões sobre os impactos da IA Generativa. Essas conversas precisam estar alinhadas a estratégias educacionais acima, criando uma frente unificada para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades para surfar nessa onda digital.
“Jovens, vocês são os arquitetos de um Brasil soberano e justo. Quebrem as correntes da dependência tecnológica. O momento é agora”.
O futuro está em nossas mãos… “que somos jovens.
Mauro Oliveira é professor do IFCE e PhD em Informatica por Sorbonne University