Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

“Simplicidade”

Totonho Laprovítera é arquiteto e escritor. Foto: Reprodução

Com o título “Simplicidade”, eis mais um conto da lavra de Totonho Laprovitera, arquiteto, escritor e artista plástico. “E falando nisso, digam-me: qual rei, por mais soberbo, ficou no trono para sempre? Qual poder resistiu à areia do tempo? Nenhum! Nem os impérios, nem os senhores, nem os poderosos. Tudo passa, porque o poder, por mais bonito que pareça, acaba, muda e se esfarela com o tempo. É só ilusão, uma coisa que se inventa para enfeitar”, expõe o articulista.

Confira:

“Um intelectual diz uma coisa simples de uma maneira difícil. Um artista diz uma coisa difícil de uma maneira simples.” (Charles Bukowski) 

Eliseu Batista Rolim (1912-2001).

A simplicidade não é carestia, nem ausência de coisa alguma, mas a alma do que é verdadeiro. Viver de um jeito simples não é se apequenar ou se privar das belezas do mundo, mas aprender a
tirar da vida o sumo, aquilo que alimenta o coração e a alma, sem deixar que o sobejo escorra por entre os dedos.

A criatura que vive de acordo com o que lhe basta é inteira, feito fruta madura no pé, pronta para ser colhida. A carência não faz a vida simples, mas a sabedoria de separar o que queremos do que realmente precisamos. A simplicidade não nasce da falta, mas da sabença de enxergar o necessário. Quem vive assim se livra das vaidades vazias, do querer ser melhor pelo que tem ou pela ilusão de algum poder passageiro. Não precisa de espelhos alheios nem de aplausos ocos. Aprende, com a vida, a habitar sua própria pele, sem depender de coroas falsas nem de riquezas ao vento.

E falando nisso, digam-me: qual rei, por mais soberbo, ficou no trono para sempre? Qual poder resistiu à areia do tempo? Nenhum! Nem os impérios, nem os senhores, nem os poderosos. Tudo
passa, porque o poder, por mais bonito que pareça, acaba, muda e se esfarela com o tempo. É só ilusão, uma coisa que se inventa para enfeitar.

Mas o que é simples se eterniza! Um pôr do sol a abrasar o céu, um livro a nosescancarar porteiras, o abraço afetuoso de quem nos quer bem. Isso, sim, é riqueza de verdade, pois não enferrujam, não somem, e ninguém nos tira!

Então, viver simples não é ter menos, é ser mais! Mais humano, mais presente no agora, mais verdadeiro, mais cheio de vida. É encontrar naquele pouquinho que satisfaz a paz que muita gente procura à toa nos exageros. A vida boa está aí, no que nos faz feliz, sem precisar inventar moda nem bancar o que não é. Assim, vivemos completos, sem ser maior nem menor, mas inteiro, coalhado de sentido.

Portanto, sejam pobres ou ricas, tenham posses ou não, eu admiro e gosto das pessoas pelo que elas são.

Por fim, como exemplo de simplicidade, cito o saudoso Eliseu Batista, um industrial inovador e pioneiro no desenvolvimento de Orós. Dono das indústrias Eliba, que atuavam no beneficiamento de algodão, produção de óleo vegetal, margarina e sabão, ele foi referência no Nordeste. Simples que só, “seu” Eliseu tinha uma visão de vida inspiradora. Liderava com respeito, sem nunca se achar superior a ninguém.

Era bom demais ser amigo dele!

*Totonho Laprovítera

Arquiteto, escritor e artista plástico.

COMPARTILHE:
Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Notícias