Agefis ensaia mudança de tom

Sem alardes e sem grandes gestos públicos, a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) tem dado sinais de que entrou numa nova fase. O que antes era associado ao enfrentamento, hoje aponta para uma aproximação mais sensível com a cidade e suas complexidades. Aos poucos, o órgão vai substituindo o embate pela escuta — e, ao que parece, isso não tem acontecido por acaso.

Nos bastidores da gestão municipal, comenta-se que a mudança tem muito a ver com a chegada de um novo comando. Discreto, de perfil técnico, mas com trânsito onde importa, o superintendente Guilherme Magalhães assumiu o órgão após as eleições de 2024 e tem conduzido a transição com uma combinação de método e silêncio — algo raro em tempos de vaidade institucional.

Ações práticas

Entre as ações mais recentes, a parceria que viabiliza a inserção de adolescentes acolhidos pelo Poder Público no Programa Primeiro Passo, do Governo do Estado. Chama a atenção pelo simbolismo. Não se trata apenas de formação técnica. É também uma tentativa de reposicionar o lugar da Agência na cidade: menos força, mais cuidado. Os jovens aprendizes que participam dessa iniciativa são do Projeto Abrigar, que busca contribuir com a formação técnico-profissional de jovens entre 14 e 18 anos em situação de acolhimento institucional em Fortaleza, morando em abrigos.

Outra frente que tem seguido essa lógica é a abordagem com pessoas em situação de rua. A nova orientação tem sido clara — foi notada na, também recente, intervenção no viaduto da Avenida Dom Luís, em que se buscou acolher sob a máxima do olhar, escutar, respeitar.

Se a cidade é feita de regras, também é feita de gente. E, ao que tudo indica, essa constatação chegou à Agefis. Tardiamente, talvez. Mas chegou.

DETALHE – Guilherme Magalhães é advogado e administrador, com habilitação em Comércio Exterior. Atuou em diversos projetos na Assembleia Legislativa do Ceará e possui ampla experiência em Administração, com ênfase em Controladoria e gestão de equipes.