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“Aprendizagem Profissional no Brasil: A combinação entre Educação e Trabalho que engaja a juventude no processo de desenvolvimento”

Josbetini CVlementinoi, ex-STDS do Governo Camilo Santana. Foto: Divulgação

Como título “Aprendizagem Profissional no Brasil: A combinação entre Educação e Trabalho que engaja a juventude no processo de desenvolvimento”, eis artigo de Josbertini Clementino, bacharel em Administração Pública e de Empresas, mestre em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade de Lisboa. Atualmente é Consultor em Gestão, Estratégia e Relacionamento Institucional e ex-secretário de governo Camilo Santana (STDS).

ex-secretário do Trabalho e Desenvolvimetno Social do Ceará. Confira:

O Brasil possui uma grande quantidade de jovens em sua população. Nas últimas duas décadas, registrou uma população maior desse grupo, representando aproximadamente um quarto da população nacional. Essa quantidade significativa de jovens pode ser vista como uma oportunidade para impulsionar a economia e promover o desenvolvimento do país.
No entanto, o desafio está em garantir que a juventude tenha acesso à educação de qualidade e a oportunidades no mercado de trabalho. Apesar dos avanços na área da educação nos últimos anos, o país ainda enfrenta problemas relacionados com a escolaridade e com a empregabilidade dos jovens brasileiros.

Um dos principais desafios é a elevação da escolaridade. Embora tenha havido avanços na universalização do ensino fundamental, ainda existem jovens que não concluem essa etapa e muitos que não prosseguem, não chegam ao ensino médio. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD contínua de 2021 apontam que cerca de 407 mil jovens de 15 a 17 anos estavam fora da escola sem ter completado o ensino médio, o que corresponde a 4,4% dos jovens nessa faixa etária. Isso é preocupante, pois a falta de escolaridade adequada pode limitar as oportunidades de emprego e o desenvolvimento da juventude.

Segundo o estudo “Os jovens e o trabalho – alguns números para reflexão”, elaborado em maio de 2023 por Paula Montagner da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, atualmente, o país detém 35 milhões de jovens brasileiros entre 14 e 24 anos (idade-alvo do Programa Jovem Aprendiz), porém apenas 13% dos jovens de 18 a 24 anos no Brasil trabalham e estudam e 36% somente trabalham. Enquanto os chamados “nem-nem-nem”, que não trabalham, não estudam e não procuram trabalho somam 4 milhões.
O estudo também revela que o problema do desalento entre a juventude brasileira afeta de maneira mais significativa as mulheres e a população negra. Mesmo representando cerca de 49% dos jovens brasileiros, as mulheres são 60% dos jovens que não estudam, não trabalham e não procuram trabalho. Já a população negra representa 68% desse grupo.

Abaixo segue um quadro sintético dos resultados do referido estudo.

Jovens que só estudam
13 milhões: 52% mulheres e 59% negros
84% dos adolescentes de 15 a 17 anos
20% dos jovens de 18 a 24 anos

Jovens ocupados
14 milhões: 42% mulheres e 59% negros
9% dos adolescentes de 15 a 17 anos estudam e trabalham – 1% trabalha
13% dos jovens de 18 a 24 estudam e trabalham – 36% trabalham
51% dos jovens têm ocupações informais: 7,5 milhões, 51% mulheres e 56% negros

Jovens desocupados
5,2 milhões: 52% mulheres e 66% negros
Jovens que não estudam, não trabalham e não procuram trabalho
4 milhões: 60% mulheres, a maioria com filhos pequenos, e 68% negros

Cerca de 5,2 milhões de jovens entre 14 e 24 anos estão desempregados, o que corresponde a 17% dos 35 milhões de jovens brasileiros nessa faixa etária. Essa parcela de aproximadamente 5 milhões de jovens corresponde a 55% dos 9,4 milhões de brasileiros de todas as faixas etárias que se encontram desempregados, ou seja, mais da metade dos desempregados do país tem entre 14 e 24 anos.

De acordo com o estudo, no ano de 2022, os jovens aprendizes de 14 a 24 anos somavam cerca de 500 mil. Aproximadamente 57% estavam na faixa etária de 14 a 17 anos completos e 42% tinham entre 18 e 24 anos. Cerca de 86% desses jovens aprendizes se concentraram em 15 ocupações mais frequentes, com predominância na área administrativa, a saber:

Auxiliar de escritório, em geral;
Assistente administrativo;
Repositor de mercadorias;
Vendedor de comércio varejista;
Alimentador de linha de produção;
Mecânico de manutenção de máquinas;
Embalador à mão;
Escriturário de banco;
Almoxarife;
Auxiliar de logística;
Operador de caixa;
Trabalhador polivalente confecção de calçados;
Contínuo;
Atendente de lanchonete;
Ajustador mecânico.

No Brasil, como bem perceptível e reforçado no trabalho publicado por Paula Montagner do Ministério do Trabalho e Emprego, combinar educação com trabalho para jovens tem sido um desafio ao longo dos anos, com grandes esforços sendo realizados para promover a inserção produtiva e a qualificação desses jovens.

Muitos jovens brasileiros enfrentam dificuldades para conciliar estudo e trabalho, especialmente devido à falta de oportunidades e de políticas específicas de apoio. A falta de experiência e qualificação profissional também é um obstáculo para a entrada no mercado de trabalho, resultando em altas taxas de desemprego e subemprego entre os jovens.
Essa combinação possibilita que os jovens adquiram experiência profissional desde cedo, o que é fundamental para sua inserção no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, a continuidade dos estudos proporciona o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos necessários para avançar em suas carreiras.

A educação formal complementada pelo trabalho proporciona aos jovens a oportunidade de desenvolver habilidades relevantes para o mundo profissional, sendo possível adquirir uma formação mais sólida e experiência prática, tornando-os potenciais profissionais mais atrativos para os empregadores e com maiores chances de conseguir empregos de qualidade e com melhores remunerações.

Além disso, a possibilidade de conciliar trabalho e estudo faz com que os jovens obtenham mais incentivos para permanecer na escola e concluir sua formação educacional. A perspectiva do trabalho remunerado motiva-os a continuar seus estudos, evitando o abandono escolar precoce. A possibilidade de trabalhar e estudar ao mesmo tempo permite que eles tenham acesso às melhores oportunidades e rompam o ciclo de pobreza, promovendo a equidade social.

Ao apostar numa união entre trabalho e elevação da escolaridade dos jovens, o país estará investindo em seu próprio desenvolvimento econômico em longo prazo. Jovens qualificados e preparados têm mais chances de contribuir significativamente para a economia, impulsionando a produtividade e a competitividade do país.

Nas últimas duas décadas, houve uma maior conscientização sobre a importância da integração entre educação e trabalho para a juventude. O Programa Jovem Aprendiz se consolidou como uma política nacional de aprendizagem, proporcionando oportunidades de qualificação e inserção profissional para os brasileiros nessa faixa etária.

Aliar a educação ao trabalho para os jovens continua sendo uma área de atenção no Brasil. Apesar de todos os esforços, percebe-se que é necessário fortalecer as políticas de aprendizagem e qualificação profissional, expandindo sua oferta, ampliando a participação das empresas e promovendo parcerias público-privadas. Contata-se que em 2022 cerca de 500 mil jovens foram inseridos na Aprendizagem profissional no país, enquanto existem 34 milhões de brasileiros na faixa etária de participação no Programa Jovem Aprendiz.

Por isso é imperativo adequar a educação formal às demandas do mercado de trabalho, desenvolvendo currículos que incluam habilidades técnicas e comportamentais relevantes para o mundo profissional.

Embora esse desafio persista, o Brasil tem buscado promover a integração entre educação e trabalho para a juventude, reconhecendo a importância de capacitar essa população para o mercado de trabalho e fomentar o desenvolvimento nacional.

O desafio de elevar a escolaridade e promover a inserção dos jovens no mercado de trabalho no Brasil requer esforços conjuntos do governo, instituições de ensino, empresas e sociedade como um todo. É preciso investir na educação de qualidade, na formação profissional e na criação de oportunidades de emprego, visando proporcionar um futuro promissor para a juventude e impulsionar o desenvolvimento.

*Josbertini Clementino

bacharel em Administração Pública e de Empresas, mestre em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade de Lisboa. Atualmente é Consultor em Gestão, Estratégia e Relacionamento Institucional e ex-secretário de governo Camilo Santana (STDS).

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