“Trabalho em transição” – Por Joaquim Cartaxo

Joaquim Cartaxo é o superintendente do Sebrae/CE. Foto: Tapis Rouge

Com o título “Trabalho em transição”, eis artigo do superintendente do Sebrae do Ceará, o arquiteto urbanista Joaquim Cartaxo. Ele coloca em discussão as mudanças no mundo do trabalho trazidas pelos avanços tecnológicos.

Confira:

No ambiente de trabalho tecnológico e orientado ao conhecimento, consolidam-se novas profissões, nichos de atuação e aumentam as chances dos profissionais explorarem criativamente habilidades e competências, diversificando suas atividades.

Com o trabalho remoto e a flexibilização do horário de trabalho, o tempo pode ser mais bem distribuído entre as atividades profissionais e as demandas particulares. A automação das tarefas rotineiras possibilita que esse tempo, otimizado, seja dedicado a atividades de análise, inovação e desenvolvimento, favorecendo o crescimento intelectual e profissional das pessoas.

Por outro lado, o cenário do trabalho ainda apresenta desafios: aumento do trabalho temporário, contratação por demanda, terceirização crescente e defasagem de benefícios. Elementos que geram instabilidade, pressão por produtividade e incerteza de renda aos trabalhadores.

Além disso, há a exigência de atualização constante perante um mercado que se transforma rapidamente. Quem não consegue acompanhar as mudanças fica em desvantagem competitiva, ampliando-se a desigualdade entre os mais qualificados e os com dificuldades de se adaptar às novas tecnologias e de desenvolver novas competências.

Também merece destaque a dificuldade de mensurar a produtividade do trabalho imaterial, ou seja, as atividades relacionadas, por exemplo, ao conhecimento, à criatividade e às habilidades cognitivas, e as exigências de engajamento que, muitas vezes, estendem as tarefas para além do horário formal, acarretando sobrecarga de trabalho. Dessa forma, as fronteiras entre a atuação profissional e a vida particular se tornam ambíguas.

A tecnologia contribui para o controle sobre as atividades, com base no avanço de meios de monitoramento e análise de desempenho. Entretanto, cabe atentar ao risco de se estabelecer um ambiente de vigilância constante, o que afeta a autonomia e a sensação de liberdade no trabalho.

É um grande desafio equacionar o desequilíbrio entre as facilidades oferecidas pela tecnologia e as pressões por produtividade. O trabalho pós-industrial cria um ambiente de oportunidades, mas também de tensões, no qual a adaptabilidade e o aprendizado contínuo são habilidades essenciais.

*Joaquim Cartaxo

Arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae do Ceará.

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