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“Coaching – A Nova Tecnologia da Prosperidade”

Francisco Caminha, cronista e ex-deputado. Foto: ALCE

Com o título “Coaching – A Nova Tecnologia da Prosperidade”, eis crõnica de Francisco Caminha, ex-deputado estadual e escritor. Confira:

A Teologia da Prosperidade advinda do sul dos Estados Unidos da América desembarcou no Brasil na segunda metade da década de 70 e foi se disseminando nas igrejas evangélicas, inicialmente no âmbito das denominadas neopentecostais.

O foco desse modelo de pregação é o alcance da riqueza material como sinal da graça de Deus. A prosperidade é tratada como uma benção e a pobreza como uma maldição a ser erradicada.

Nessa pseudo espiritualidade, a prosperidade é resultado de uma barganha, um negócio que se faz com Deus. A sua parte consiste em fazer ofertas de sacrifício no altar do Senhor, ou seja, entregar dinheiro, bens e outros valores a igreja para se credenciar junto de Deus. Quanto mais doares mais receberás do altíssimo. Se fizeres isso, estás habilitado a exigir que Deus devolva multiplicado o que tu entregastes ao sacerdote para que não faltem as “provisões” na casa do Senhor (Malaquias 3,10). Assim, Deus vai ter que te honrar porque você cumpriu o combinado e podes agora reivindicar e exigir que ele cumpra a parte dele.

Mas, surgiu um novo modismo denominado “Teologia do Coaching” que é a filha mais nova da Teologia da Prosperidade. Nela, você não precisa mais negociar com o Todo Poderoso, nem exigir nada dele. Até porque Deus se torna apenas um mero expectador e torcedor do seu sucesso. O foco agora é a sua felicidade, seu sucesso e seu propósito de vida. É um ensino antropocêntrico, ou seja, o homem é o centro. Não há que fazer sacrifícios como doar entregar seu carro. O sucesso chega por seu mérito após realizar as formações e cursos que eles oferecem.

E como como é isso?

É assim: os pastores ou leigos “coaches” ministram que você pode ser feliz e ter sucesso através de suas metodologias de ferramentas de “coaching”, mudanças de crenças, técnicas de desenvolvimento da inteligência emocional, de autoajuda, onde apresentam nos eventos espetáculos com cenários lúdicos na perspectiva de obtenção de curas de traumas da infância e de autoperdão. São encontros de imersões que varam a madrugada despejando uma tempestade de conteúdos no embalo de danças, de jargões, de palavras de ordem com músicas vibrantes que levam a audiência a um delírio hipnótico coletivo. Todos usam os mesmos “modus operandi”, mas procuram se diferenciar inventando titulando de método X, Y, Z ….

Usam as mesmas técnicas da igrejas neopentecostais para arrebatar o rebanho: uma linguagem recheiada de citações bíblicas,show de luzes, fumaça de gelo seco, músicas de louvor, músicas populares, palestras extensas, testemunhos de quem alcançou o sucesso, de quem já foi curado por meio do auto-perdão.

E Deus, como fica?

Fica na qualidade de torcedor principal de seu sucesso e de sua felicidade. É você que faz e Deus está a seu serviço como um torcedor fora do campo que incentiva o time.

E o evangelho de Jesus, como fica?
Não existe e não fica meu amigo.

Só se extrai da Bíblia o que interessa. Como a riqueza de Salomão, a vitória de Davi contra o gigante, a obrigação do dízimo.

Não existe hospedaria nessas teologias para receber o Jesus pobre, injustiçado, migrante e condenado.

E a vida eterna?
Esse assunto, não se menciona, o que importa é usufruir de tudo que o dinheiro pode oferecer.

*Francisco Caminha

Ex-deputado estadual e cronista.

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