Com o título “O Mestre”, eis artigo de João Teles de Aguiar, professor, historiador e integrante do Projeto Confraria da Leitura. Ele conta um pouco da história do grande Ariano Suassuna, que se vivo fosse, estaria completando 98 anos.
Confira:
Ariano Vilar Suassuna, nasceu em 16 de junho de 1927, em Joã21o Pessoa, capital da Paraíba. Intelectual de escol, escritor, filósofo, dramaturgo, romancista, artista plástico, ensaísta, poeta e advogado. Sempre espirituoso, Ariano Suassuna um dia disse a um guarda, que reclamou dos trajes que ele usava, para um determinado evento, que ocorreria, no Palácio da Redenção: “A primeira vez que entrei aqui, foi nu!”
É que ele nascera ali mesmo. “Ariano era filho de João Suassuna, que foi governador da Paraíba, entre 1924 e 1928. João Suassuna também era fazendeiro e deputado federal, e foi assassinado, por motivos políticos, em 1930”, diz o texto histórico.
Um filho da elite, que soube valorizar, como ninguém, o povo e sua arte; Ariano, bem que poderia ter seguido outra vida, muito mais fácil e prazerosa, longe das agruras do povo e da Cultura, sempre tão maltratada. Não. Preferiu beber nas fontes populares, como na poesia e até no cordel, muitas vezes produzido por gente iletrada e socialmente desprezada.
Um dia disse: “Não troco o meu ‘oxente’, pelo ‘ok’ de ninguém!” e a “Arte pra mim, não é produto de mercado, é missão, vocação e festa”. Nesse último dizer, o destaque merecido, para a Arte Nordestina, tão destacada e tão difundida (lá fora), em várias partes do Mundo.
Outra citação ariana, diz: “Os doidos perderam tudo, menos a razão…”. Nesta, Ariano fala de sua simpatia por quem perdeu o juízo, ou parte dele; pra sociedade, porque para Suassuna, eles são sempre originais e pessoas a quem se deve escutar, com toda a acuidade.
Assim era o paraibano Suassuna, um homem amante da vida, da poesia, dos relatos e narrativas populares, tão cheios de engenhosidade e sabedoria do povão que, muitas vezes, pra nós, é analfabeto e não tem nada na vida, mas “só a água do pote pra beber!”
Ledo engano. O povo sabe muito. Não à toa, sabe viver e tirar lições de uma vida tão árdua e tão distante das forças do Estado, esse ser sempre ausente e insensível.
Ariano não se considerava um gênio, por ser escritor:
“Os mentirosos são parecidos com os escritores que, inconformados com a realidade, inventam outras”, dizia, falando agora de sua predileção, também, pelos que mentem (uma mentira inteligente, que não agrida ninguém).
Viva Ariano Suassuna!
*João Teles de Aguiar
Professor, historiador e integrante do Projeto Confraria de Leitura.