Com o título “Epidemia da Violência no Ceará Persiste”, eis artigo de Plauto de Lima, coronel RR da PMCE e Mestre em Planejamento em Políticas Públicas. “O atual governador do Estado, Elmano de Freitas, eleito sob a tutela de Camilo Santana com a promessa de tornar o Ceará “três vezes mais forte”, não tem conseguido reverter o alarmante quadro da violência. De acordo com o relatório Mapa da Segurança Pública 2025, o Estado ocupa a primeira posição no ranking nacional da violência, com uma taxa de 34,42 homicídios por 100 mil habitantes”, expõe o articulista.
Confira:
A Organização das Nações Unidas estabelece como limite aceitável o índice de até 10 homicídios por 100 mil habitantes. Acima disso, a violência é considerada epidêmica. Nações desenvolvidas, em especial as europeias, há décadas mantêm taxas inferiores a 5 homicídios por 100 mil habitantes, sinalizando ambientes sociais mais seguros e com maior controle estatal sobre a criminalidade.
No Brasil, apesar das dificuldades históricas no enfrentamento da violência, os dados nacionais demonstram uma tendência de queda nos homicídios desde 2020. A taxa, que era de 20,10 homicídios por 100 mil habitantes naquele ano, caiu para 16,64 em 2024, impulsionada sobretudo pela melhora nos indicadores nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
No entanto, o estado do Ceará segue na contramão dessa tendência nacional. Com uma média que gira em torno de 35 homicídios por 100 mil habitantes ao longo dos últimos anos, o Ceará se consolidaria, se fosse um país, entre os mais violentos do mundo. Para se ter uma noção dessa escalada de violência, durante os dois mandatos do ex-governador Camilo Santana (2015–2022), foram registrados 30.897 homicídios em solo cearense — um número que impressiona não apenas pela magnitude, mas pelo contraste com contextos de guerra. Estima-se que, nos três primeiros anos do conflito entre Rússia e Ucrânia, cerca de 13.134 civis perderam a vida, menos da metade dos assassinatos registrados no Ceará durante o sangrento governo Camilo.
O atual governador do Estado, Elmano de Freitas, eleito sob a tutela de Camilo Santana com a promessa de tornar o Ceará “três vezes mais forte”, não tem conseguido reverter o alarmante quadro da violência. De acordo com o relatório Mapa da Segurança Pública 2025, o estado ocupa a primeira posição no ranking nacional da violência, com uma taxa de 34,42 homicídios por 100 mil habitantes. Já a capital, Fortaleza, figura entre as cidades mais violentas do Brasil, com o número de homicídios dolosos mais que o dobro dos registrados em São Paulo — cidade cuja população é cinco vezes maior.
Frente a essa realidade, é comum ouvir, por parte de aliados políticos do governo, o argumento de que a redução da violência exige tempo e ações de longo prazo. No entanto, esse grupo político comanda o Ceará desde 2007, quando Cid Gomes foi eleito governador com a promessa de enfrentar a criminalidade. Ao final do atual mandato, serão 20 anos sob a mesma liderança — duas décadas que não trouxeram os resultados prometidos.
Mais grave ainda é o fato de que, além da violência expressa nos números de homicídios, o Ceará enfrenta hoje o fortalecimento de facções criminosas que controlam bairros inteiros, impõem toque de recolher, expulsam famílias de suas casas e substituem o Estado por um regime de opressão armado. Trata-se não apenas de um colapso da segurança pública, mas de uma ameaça direta à soberania do poder público.
Diante desse quadro, não há mais espaço para retórica, discursos ideológicos ou terceirização de responsabilidades. A superação da crise da segurança no Ceará exige coragem política, investimento técnico e uma liderança comprometida com a defesa da vida, da ordem e da cidadania. Ignorar a gravidade do momento é pactuar com o caos. E isso, o povo cearense não pode mais aceitar.
*Plauto de Lima
Coronel RR da PMCe e Mestre em Planejamento em Políticas Públicas.