Com o título “Cegueira do governo”, eis artigo de Fátima Vilanova, doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará. “Os cortes de gastos têm que ser efetivados nos três Poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário. A receita é uma só, vale para todos”, expõe a articulista.
Confira:
O governo não vê óbvio, o elementar. Ele não pode gastar mais do que arrecada. Esta regra de ouro vale para famílias e governos. O governo não vê, também, que são impostos baixos que desoneram famílias e empresas, propiciam maior oferta de produtos, preços mais competitivos, redução da inflação, mais arrecadação e empregos. O governo segue na contramão, gastando mais de que pode, apelando sempre para a elevação de impostos.
O mais recente embate do presidente Lula com o Congresso Nacional refere-se à elevação do IOF. Guerra perdida. A agenda deveria ser outra: cortar gastos. Como? Eliminando despesas desnecessárias da máquina federal, reduzindo à metade o número de ministérios, auditando ministérios para detecção de desvios de finalidade, privilégios, mordomias, fraudes em programas sociais, combatendo os supersalários nos três Poderes. Rever desonerações e incentivos fiscais, já passa da hora.
Isto é o básico, o trivial. Por que não faz? Porque o governo não trabalha, só discursa, e, agora, achou de colocar pobres contra ricos. É mais fácil. Transferir responsabilidade é sempre mais fácil. O governo poderia fazer muitas outras coisas, como encaminhar um projeto de lei extinguindo as emendas parlamentares, fontes de desvios e corrupção. A sociedade inteira aplaudiria. Porém, os companheiros do PT são contrários a tal medida. Mas outros partidos endossariam, e seria gerada uma discussão muito benéfica à democracia no Brasil.
Infelizmente, não dá para acreditar neste governo. No outro governo, acreditei menos ainda. É tudo mais do mesmo. Sai governo entra governo, e os vícios, abusos, e privilégios perpetuam-se. Mudam os personagens, o enredo é sempre o mesmo. Enquanto a sociedade não reduzir o poder dos políticos, acabando com a reeleição para o Executivo e Legislativo, nada mudará no Brasil, serão novos só os nomes e caras, mais nada.
Os cortes de gastos têm que ser efetivados nos três Poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário. A receita é uma só, vale para todos. O Legislativo trabalha em sentido contrário, ao elevar o número de deputados de 513 para 531, ao aprovar acúmulo de pensão e de salários pelos parlamentares, ao executar emendas parlamentares de necessidade duvidosa, e sem transparência. O Judiciário fica quieto, não escuta a grita geral da sociedade contra os indecorosos supersalários e vantagens que usufruem, aos quais nenhum outro trabalhador tem direito. A cegueira é coletiva.
*Fátima Vilanova
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e autora do livro “Está tudo errado…” (Disponível na Amazon)
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Uma resposta
Cegueira e má fé! Nunca tivemos um Congresso Nacional tão incompetente quanto esse. Poucos escapam.