MPF denuncia três pessoas por fraudes em contratos públicos em Maranguape

Fachada do prédio do MPF/CE, em Fortaleza. Foto: Arquivo

Três pessoas investigadas por fraudes em contratos administrativos com recursos federais, no município de Maranguape (Região Metropolitana de Fortaleza), foram denunciad\s pelo Ministério Público Federal. Os fatos ocorreram entre 2019 e 2020, especialmente durante a pandemia de Covid-19, e envolvem verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo Nacional de Assistência Social (Fnas) destinadas à aquisição de gêneros alimentícios e materiais médicos.

A denúncia, segundo a assessoria de imprensa do MPF, é resultado da Operação Soroche, realizada em junho de 2021 pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que apurou irregularidades como sobrepreços, simulação de competitividade em licitações e posterior lavagem de dinheiro por meio de saques fracionados. Os contratos investigados tiveram como destinatários o Hospital Municipal Dr. Argeu Braga Herbster e a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social de Maranguape.

Segundo o MPF, os três denunciados atuaram por meio de empresas contratadas sem capacidade operacional compatível com o volume de recursos movimentados. Foram identificados ajustes entre licitantes para simular concorrência, permitindo a contratação de propostas com valores superiores àquelas com preços mais baixos. Um dos certames foi realizado por meio de pregão eletrônico, outro por dispensa de licitação.

O valor total dos contratos sob investigação ultrapassa R$ 3,68 milhões. As perícias da CGU e da Polícia Federal identificaram sobrepreços entre 16,6% e 33,5%, de acordo com os itens e os períodos analisados.

Superfaturamento

Segundo a denúncia, após receberem montantes consideráveis do Poder Público, em decorrência da frustração do caráter competitivo de licitação e do desvio de recursos públicos em proveito particular (peculato), os denunciados efetuaram inúmeros e reiterados saques fracionados de valores em espécie, nas mesmas datas ou em datas próximas. A prática é conhecida como smurfing e tem o objetivo de dificultar a rastreabilidade das operações e burlar os mecanismos de controle do sistema financeiro.

Dessa forma, além do superfaturamento, os denunciados praticaram o crime de lavagem de dinheiro estruturada com saques nos valores de R$ 1,36 milhão, R$ 1,3 milhão e R$ 98 mil.

Tais condutas embasam a acusação de lavagem de dinheiro qualificada pela reiteração, além dos crimes de peculato qualificado e frustração do caráter competitivo de licitação, todos praticados em concurso de pessoas e concurso material.

O MPF requer a condenação com penas superiores aos mínimos legais, considerando a gravidade dos fatos e sua ocorrência durante estado de calamidade pública. Também foi solicitado o reconhecimento de valores mínimos para reparação de danos ao erário e a aplicação de sanções como a proibição de exercício de função pública e a perda de direitos políticos dos envolvidos.

Outros municípios

O órgão ainda solicitou o desmembramento do inquérito para aprofundamento das investigações em outros municípios cearenses, como Pacatuba e Itapajé, onde já há indícios de práticas semelhantes envolvendo as mesmas empresas e agentes públicos locais.

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