Com o título “Vídeo expõe um problema velado da sociedade brasileira”, eis a coluna “Fora das 4 Linhas”, desta segunda-feira, assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “De acordo com a pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) , 93% da população brasileira, de 9 a 17 anos, é usuária de internet, o que representa 24,5 milhões de pessoas. A pesquisa TIC Kid Online mostra ainda que 83% desses adolescentes têm perfil próprio nas redes sociais. Além disso, 30% relataram que tiveram contato com alguém online que não conheciam pessoalmente”, expõe o colunista.
Confira:
Matéria de O Globo, publicada no último dia 12 de agosto, uma semana após a divulgação de um vídeo do influenciador Felca sobre exploração sexual de crianças e adolescentes que viralizou na internet, aponta: os canais de denúncias, a respeito desse crime, registraram aumento expressivo de notificações. O Disque 100, canal do governo para denúncias de violações de direitos humanos, registrou mais de mil desde o dia 6, quando o vídeo foi publicado. Já a organização não governamental SaferNet também registrou um aumento de 114% nas denúncias recebidas sobre pornografia infantil em redes sociais.
É fato que o vídeo potencializou as denúncias por conta da repercussão. Mas, ressalte-se que esse tipo de violência não se trata de novidade no Brasil. A Polícia Federal prendeu, só em 2025, quase 200 pessoas em flagrante por armazenar, compartilhar ou vender pela internet material contendo abuso sexual de menores. Um fato relevante nesse cenário é que há indícios fortes de bandidos pegando imagens de crianças e adolescentes publicadas pelos pais para alimentar a rede de pedofilia.
De acordo com a pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) , 93% da população brasileira, de 9 a 17 anos, é usuária de internet, o que representa 24,5 milhões de pessoas. A pesquisa TIC Kid Online mostra ainda que 83% desses adolescentes têm perfil próprio nas redes sociais. Além disso, 30% relataram que tiveram contato com alguém online que não conheciam pessoalmente.
Isso acontece, avaliam especialistas, pela completa falta de moderação de conteúdos por parte das plataformas online. É uma terra sem lei, onde crianças e adolescentes têm acesso a todo tipo de conteúdo e estão expostas a abusos e exploração. Nesse jogo, o que conta é o algoritmo para efeito de monetização, em que até influenciadores mirins dão dicas de investimento em criptomoeda, ou sugerem padrões de comportamento que afastam essas crianças da sua condição de infância.
Assim, crianças passam a viver em função de engajamentos e, ao se sentirem-se frustrados por não corresponderem às expectativas construídas, estão sujeitas aos impactos psicológicos e físicos, além de se tornarem alvos fáceis de criminosos.
É preciso entender esse problema como uma praga a ser combatida, pois a construção de vida do indivíduo se dá por etapas e a infância é uma importante que não pode ser pulada.
*Luiz Henrique Campos
Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.