Com o título “Depressão: Desafios da Saúde Mental”, eis artigho de Bianca Bessa de Aguiar, universitária. “(…) a depressão é uma doença real, séria e tratável”, expõe a articulista.
Confira:
A depressão é uma das condições mais prevalentes e mal compreendidas da atualidade. Muitas vezes confundida com tristeza passageira ou falta de força de vontade, ela é, na verdade, uma
doença séria e reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno mental comum. Caracterizada por sintomas persistentes que afetam o humor, o comportamento e até
mesmo as funções físicas do corpo, a depressão exige atenção médica e social urgente. Segundo dados da OMS, mais de 350 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão. No Brasil, a
situação é alarmante: cerca de 5,8% da população apresenta sintomas compatíveis com o transtorno, o que representa aproximadamente 11,7 milhões de brasileiros. O país lidera o ranking
de prevalência na América Latina e estudos do Ministério da Saúde indicam que até 15,5% dos brasileiros podem desenvolver depressão a longo da vida. Esses números revelam não apenas a dimensão do problema mas também a urgência de políticas públicas voltadas à saúde mental.
Mas o que torna a depressão uma doença? Diferente de estados emocionais passageiros, ela possui causas multifatoriais, incluindo alterações neuroquímicas, predisposição genética e fatores ambientais. A deficiência de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina está diretamente ligada à regulação do humor, sono e apetite. Além disso, pessoas com histórico familiar de depressão têm maior risco de desenvolver o transtorno, especialmente quando expostas a situações de estresse crônico, traumas ou isolamento social. Os sintomas da depressão vão muito além da tristeza. Eles incluem perda de interesse por atividades antes prazerosas, fadiga constante, alterações no apetite e no sono, dificuldade de concentração e, em casos mais graves, pensamentos suicidas. A doença afeta diretamente a qualidade de vida e pode comprometer o desempenho profissional, os relacionamentos e até mesmo a saúde física. Não à toa, a depressão é considerada a principal causa de incapacidade no mundo quando se analisa o tempo vivido com limitações funcionais.
O impacto da depressão é profundo e silencioso. A cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo e a maioria dos casos está relacionada a transtornos depressivos não tratados. As mulheres são duas vezes mais propensas a desenvolver a doença do que os homens, e a falta de acesso a tratamento adequado agrava ainda mais o cenário. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com apenas 19 psicólogos para cada 100 mil habitantes, o que dificulta o atendimento especializado e perpetua o ciclo de sofrimento. O diagnóstico da depressão deve ser feito por profissionais de saúde mental com base em critérios clínicos. O tratamento pode incluir psicoterapia, uso de medicamentos antidepressivos, mudanças no estilo de vida e apoio familiar. Em casos leves, a psicoterapia pode ser suficiente, mas quadros moderados ou graves exigem intervenção médica e acompanhamento contínuo. A boa notícia é que, com o tratamento adequado, a maioria dos pacientes consegue recuperar sua qualidade de vida e retomar suas atividades com autonomia.
Em resumo, a depressão é uma doença real, séria e tratável. Reconhecê-la como tal é o primeiro passo para combater o estigma que ainda cerca os transtornos mentais. Investir em educação
pública, ampliar o acesso à saúde mental e promover o acolhimento são medidas essenciais para enfrentar um dos maiores desafios da sociedade contemporânea. Ignorar seus sinais é negligenciar
milhões de vidas que poderiam ser transformadas com informação, empatia e cuidado.
*Bianca Bessa de Aguiar
Universitária.