Com o título “É preciso avançar”, eis artigo de Fátima Vilanova, doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará. “O Brasil precisa avançar, ultrapassar a polarização Lula x apoiador de golpista. A maioria que votou em Lula em 2022 não o fez por convicção, mas por falta de alternativa. Chega. Agora é apoiar idéias novas, rechaçar personagens narcisistas, autoritários, viciados nos desmandos do poder, acobertadores de crimes”, expõe a articulista.
Confira:
O Brasil vive tempos sombrios. Por pouco, não se efetivou no país um golpe, como atestam as provas de conspiração, reunidas pelo STF em processo contra o ex- presidente Jair Messias Bolsonaro. Primeiro, ele lançou suspeitas sobre a segurança das urnas eletrônicas, chegando a promover encontro com embaixadores estrangeiros, para acusar sem provas, de fraudes no processo de votação eletrônica. O que aconteceu em 8 de janeiro de 2023 foi o último e desesperado ato do ex-presidente de se contrapor ao resultado das eleições, e de solapar a democracia, assumindo a
presidência, depondo Lula, fechando o Congresso e o STF.
Bolsonaro deu com os burros n’água, não conseguiu seu intento, pois as Forças Armadas, conscientes de seu papel constitucional, não apoiaram a vilania. Venceu o respeito às instituições, à democracia. A quebradeira foi grande nas sedes dos Três Poderes, com milhares de golpistas invadindo e depredando o patrimônio público. Porém, tudo foi contido, os invasores presos, julgados e condenados.
E o que assistimos agora? Ardorosos defensores do ex-presidente querem aprovar a anistia, ampla, geral, irrestrita, para incluir o ex-presidente, caso ele seja condenado, dizendo ser necessário para pacificar o país, acusando o STF de tirania. Não dá para acreditar que parlamentares, com mandato popular obtido nas mesmas urnas eletrônicas, que juraram defender a democracia, que poderiam ter seus mandatos cassados com o malfadado golpe, saiam em defesa de golpistas.
Estamos longe das eleições de 2026, mas a corrida eleitoral parece ter dado largada, com pretensos candidatos, apoiadores de Bolsonaro, posicionando-se como tendo o compromisso principal, o de anistiar a todos. É demais. São personagens que se elegeram para anistiar promotores de tentativa de golpe? A justificativa deles é a de que anistia também foi dada em 1979, a grupos que se opunham à ditadura militar. O que os Bolsonaristas querem é o contrário, é favorecer personagens golpistas, embusteiros, avessos à democracia. Aí reside a diferença.
O Brasil precisa avançar, ultrapassar a polarização Lula x apoiador de golpista. A maioria que votou em Lula em 2022 não o fez por convicção, mas por falta de alternativa. Chega. Agora é apoiar idéias novas, rechaçar personagens narcisistas, autoritários, viciados nos desmandos do poder, acobertadores de crimes.
Os partidos progressistas e a população precisam abraçar bandeiras novas, que mudem a política por dentro, que enfrentem os abusos de poder, com a profissionalização do serviço público; a corrupção, com transparência; as desigualdades, com educação e capacitação para o trabalho; a insegurança, com inteligência e combate à lavagem de dinheiro, e à entrada de armar e drogas no país; as mudanças climáticas, com a redução de emissões de gases do efeito estufa, reflorestamento, usinas de lixo para geração de energia, investindo na economia circular, zerando o déficit público, tudo sobre o primado das leis. Esta é a pacificação necessária ao avanço do Brasil.
*Fátima Vilanova
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e autora do livro: “Está tudo errado…” (Disponível na Amazon)
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