“Vingança com sexo” – Por Francisco Caminha

F.J.Caminha, escritor e ex-deputado. Foto: Divulgação

Com o título “Vingança com sexo”, eis mais um conto da lavra de Francisco J. Caminha, escritor e ex-deputado estadual.

Confira:

Em um certo dia uma amiga com quem trabalhava me convidou para um almoço de trabalho. Na verdade, ela desejava compartilhar uma situação pessoal. E assim me dirigiu a palavra:

– Caminha, quando eu tinha por volta de 10 anos de idade, meu pai uma vez levou-me a um passeio e, para minha surpresa, ele foi acompanhado da amante com quem se relacionava. O fato se repetiu por algumas vezes, tendo ele me alertado para não contar nada para minha mãe. Fiquei com muito raiva dele, guardei no silêncio o segredo, mas, fiz um voto secreto que, se algum dia me casasse e meu marido me traísse, eu me vingaria com outro homem. Acontecesse que o Fábio está me traindo e como eu te acho muito inteligente e atraente quero ir para cama com você. Se não for com você, será com outro.

Fiquei perplexo com o convite e me pronunciei em réplica sobre a proposta:

– Querida, você é uma mulher jovem, bonita e inteligente. Acontece que conheço seu marido, cunhados e sogra. Com que cara vou conseguir olhar para sua família? Minha estrutura psíquica e religiosa não suporta e não me permite tal prazer. O sentimento de culpa e a autocobrança me faria mais mal do que o prazer sexual que teria. Declino do convite e vamos analisar melhor a questão. Na verdade, saiba que se você fizer isso, será uma forma de se vingar do seu pai e não somente do seu marido. A criança que você foi está magoada até hoje e essa ferida aberta te fez prometer uma vingança futura por conta da mágoa que ela tem de seu pai. Certos sentimentos como a mágoa nunca envelhecem e estão aí presente mesmo depois de ter passado 21 anos do fato. Esse sentimento afeta todo seu sistema familiar. Não sei como era o relacionamento do seu pai com sua mãe. Pelo que você me contou anteriormente, era um bom pai e um bom marido, mesmo não obedecendo a regra cultural da fidelidade. Não sei as motivações dele para ter mantido um relacionamento paralelo. Essas questões são complexas. Na verdade, creio que essa é uma oportunidade de você reconciliar sua criança interior com o seu pai e te fará bem perdoar seu pai, já que você não pode mais conversar com ele porque já é falecido. Procure um terapeuta. Se não fizer isso, não faltarão homens que queiram ir para cama você e, talvez, vá repetir na sua vida a história de seu pai. O destino sempre nos cria oportunidades para curar as feridas do passado. Depende de você, senão esse padrão pode se repetir na sua vida e de sua descendência.

Posteriormente, ela teve um amante, se separou do marido e nunca mais casou.

A última vez que estive conversando com ela, ouvi dela:

– Eu não sei por que só homens casados se interessam por mim.

Por que será, caro leitor?

*Francisco J. Caminha

Escritor e ex-deputado estadual.

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