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“A agonia do cristianismo”

Barros Alves é jornalista e poeta

“A história do homem é uma história de violência e maldades, de peste e de guerras, de pobreza moral e de preguiça intelectual”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves

Confira:

No mundo ocidental e cristão(?) vive-se a quadra natalina. O período se inicia a 25 de dezembro, data em que arbitrariamente, sob o calendário gregoriano, definiu-se como sendo a do nascimento de Jesus; e vai até o dia 6 de janeiro, quando se lembra a visita que os Magos, ditos reis, fizeram à criança nascida na Judeia. Eram sábios, estudiosos dos astros, por intermédio dos quais intentavam ler o destino dos povos. Se eram reis, são outros quinhentos. E não se olvide o fato de que quando se encerra o período natalino por essas bandas de cá, começam as festas religiosas da natividade de Jesus nas igrejas orientais, que ainda se pautam pelo calendário juliano. Por isso comemoram o nascimento do Salvador dos homens (e das mulheres) no dia 7 de janeiro.

Mas, desejo ressaltar que aqui como alhures, o ser humano é o mesmo e ao que parece não há cristianismo que dê jeito neste ser que passa por esse vale de lágrimas fazendo danações e estrepolias, ensejando a que o vale seja de fato de lágrimas. Ao longo da história humana temos visto mais choro e ranger de dentes do que sorrisos e abraços, valendo a constatação para o individual e o coletivo. A história do homem é uma história de violência e maldades, de peste e de guerras, de pobreza moral e de preguiça intelectual. Com as devidas exceções no tempo e no espaço. O Filho de Deus veio com uma boa mensagem, as boas novas, mas nem os seus o receberam. Deram um jeito de o pregarem numa cruz como um maldito malfeitor. Pior: daquele tempo a esta parte, o Filho de Deus, o Deus encarnado, a terceira pessoa da Trindade divina segundo a crença cristã, tem sido crucificada todo santo dia, de algum modo. Mais estarrecedor é que muitos dos que dizem ser seguidores do Mestre são os que atiram a primeira pedra ou o vendem por trinta dinheiros. Diante da miséria do ser humano, cujos instintos a mensagem do Cristo não conseguiu modificar, ainda no primeiro quartel do século passado, o filósofo Miguel de Unamuno escreveu desolado um livro icônico com uma constatação dolorosa: “A Agonia do Cristianismo.”

De lá para cá a crise só tem-se aprofundado. E o tempo natalino é prova desse profundo desvio. Todos, incrivelmente todos, têm na figura do menino-deus apenas um argumento para adorar Mamon e exaltar o alienígena São Nicolau, que o vulgo conhece como Papai Noel. É o caso de se dizer com o próprio abandonado: “Esse povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” Sem dúvida! Se o coração estivesse próximo da mensagem dele, certamente o planeta não seria esse vale de lágrimas.

Barros Alves é jornalista e poeta

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Uma resposta

  1. Barros é um filósofo renitente progressista que enxerga a VIA CRUCIS do cristianismo já estada na sociedade aviltada por um sistema organizacional totalmente corroído pelo sistema político insaciável. Cgmidia

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