Com o título “A contaminação das águas com urânio no sertão, em Santa Quitéria”, eis artigo da jornalista Silvania Claudino, do O Sertanejo.
Confira:
O município de Santa Quitéria, que integra com mais 12 municípios a macrorregião Sertão de Crateús, esteve no centro das atenções no Estado e no país, nos últimos dias, por conta da alta concentração de urânio na água até sete vezes acima do limite permitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Fica 222 km distante da capital, Fortaleza.
A área contaminada fica no distrito de Trapiá, a cerca de 70 km da jazida de Itataia, onde há extração de fosfato e urânio. A contaminação foi detectada em 14 das 15 amostras de água comprovadas.
Devido ao resultado, os pontos de coleta afetados foram imediatamente interditados. O Governo do Estado, em resposta, implementou um Plano de Contingência na região. A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) garantiu que, de imediato, todas as medidas necessárias foram tomadas. A população está sendo abastecida agora por meio de carros-pipas.
Santa Quitéria é um município cearense rico em urânio. Na cidade, inclusive, existe um projeto de instalação da maior mina do metal do Brasil.
Em uma audiência pública ocorrida no último dia 14, no próprio distrito, populares expressaram extrema preocupação com a situação, já que há extremos riscos à saúde.
Na ocasião, expressaram ainda outras preocupações solicitando encaminhamentos urgentes, como: a publicização de todos os laudos técnicos das análises realizados pela Sesa; a análise de toda a água existente no distrito de Trapiá (poços de uso particular, cacimbão e toda e qualquer estrutura hídrica de uso particular e coletivo para abastecimento humano e animal); realização de sequenciamento genético das famílias do distrito de para averiguar potenciais contaminações; realização da análise de todas as infraestruturas hídricas de uso particular e coletivo para abastecimento humano e animal de todos os distritos do município de Santa Quitéria, em especial, dos assentamentos Saco do Belém, Morrinhos, Queimadas e Alegre e Tatajuba, além das comunidades do entorno do distrito de Riacho das Pedras, além da realização de um estudo de base epidemiológica para que se estabeleça uma linha de corte que permita identificar a situação da saúde do povo de Santa Quitéria e região.
Novas amostras devem ser reunidas no início de novembro, com novo processo de análise conduzido por Lacen e IEC.
*Silvania Claudino
Editora do Jornal O Sertanejo
