“A corrida de rua como gesto político” – Por Luiz Henrique Campos

Lula participou da Corrida e Caminhada MEC 95 anos, na Esplanada dos Ministérios. Foto: Ricardo Stuckert

Com o título “A corrida de rua como gesto político”, eis a coluna “Fora das 4 Linhas”, desta segunda-feira, assinda pelo jornalista Luiz Henrique Campos.

A política muitas vezes se constrói por meio de gestos sutis, mas com altas doses de simbolismo. É nesse sentido que me refiro a dois interessantes momentos protagonizados por lideranças políticas, neste final de semana, ao exaltarem a prática da corrida de rua. Lula em Brasília e João Campos, prefeito de Recife, na capital pernambucana, este ao lado da namorada, a deputada federal Tábata Amaral, participaram de corridas de rua e propagaram a prática como exemplo de qualidade de vida, reforçando a sua importância para a manutenção da saúde.

Para quem não sabe, a corrida de rua é praticada hoje no Brasil por aproximadamente 13 milhões de pessoas, sendo 58% homens / 42% mulheres (a participação feminina tem aumentado de forma importante nos últimos anos). Em termos de faixa etária, a maior proporção se insere entre 25–45 anos (46%); 45+ (42%); 18–24 → 12%. Outro dado relevante é que se já antes da pandemia havia o registro de crescimento contínuo de adeptos, com a retorno das provas presenciais, de 2023 para 2024, o número de provas oficiais subiu 29%.

Só para se ter ideia, em 2024 foram realizadas 2.827 disputas oficiais, o que de certa forma não reflete a realidade, pois há bem mais circuitos amadores acontecendo a cada final de semana. Outros registros que dizem respeito a essa prática é que, além de vir crescendo muito a participação do público feminino, também se nota a adesão de pessoas acima dos 45 anos, sendo que a procura pela prática se dá essencialmente por saúde/bem-estar, com média semanal reportada de 9,2 km/semana entre os praticantes.

E onde entra a política nos gestos de Lula e João Campos? Justamente na diferenciação entre seus opositores do que venha a ser uma perspectiva de vida e/ou morte. Enquanto Lula e João, um com 80 e outro com 30 anos, exaltam a saúde e a qualidade de vida, seus adversários se vangloriam do uso de armas, negação da pandemia e propagação de campanhas anti-vacina. Os gestos, simples, portanto, conseguem traçar um paralelo sem precisar se ater a discursos que de nada adiantam.

Lula, ao subir correndo uma rampa nesse domingo com 80 anos de idade, e João Campos, aos 30, concluindo a meia maratona do Recife, ao lado de Tábata, falam mais do que muitos podem imaginar, porque definem um lado em que a vida e a morte se mostram claramente em lados opostos e cabe a quem se sentir à vontade, assumir essa polarização como sua.

*Luiz Henrique Campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.

Luiz Henrique Campos: Formado em jornalismo com especialização em Teoria da Comunicação e da Imagem, ambas pela UFC, trabalhei por mais de 25 anos em redação de jornais, tendo passando por O POVO e Diário do Nordeste, nas editorias de Cidade, Cotidiano, Reportagens Especiais, Politica e Opinião.

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