“O novo epicentro da corrupção é o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), um órgão vital para milhões de brasileiros, agora transformado em alvo de fraudes sistêmicas”, aponta o sociólogo João Arruda
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O governo Lula afunda em mais um escândalo de corrupção, e a situação política se torna cada vez mais desesperadora. Nas ruas, cresce a rejeição popular; no Congresso, parlamentares do centrão, percebendo que o barco começa a naufragar, já cogitam abandoná-lo. Até mesmo o establishment, que o elegeu e o sustentava, dá fortes sinais de debandada.
Esse cenário, contudo, não surpreende. Após quase dois anos e meio de um mandato marcado por promessas não cumpridas, ausência de obras relevantes, irresponsabilidade fiscal e escândalos sucessivos, o governo Lula caminha para um colapso irreversível. O estelionato eleitoral se consolidou como a principal marca da gestão, desmontando a narrativa de que Lula traria estabilidade democrática, desenvolvimento econômico e inclusão social.
Hoje, a percepção predominante é a de que o governo lulopetista representa a institucionalização da corrupção, o aparelhamento ideológico do Estado e a blindagem sistemática dos envolvidos. É um governo na contramão da ética na política.
Ao contrário do ensinamento de Plutarco — que atribuía a Júlio César a máxima “À mulher de César não basta ser honesta; é preciso parecer honesta” —, no Brasil do lulopetismo nem a honestidade, nem sua aparência sobreviveram. A impunidade tornou-se método, e a reincidência, sua marca registrada.
Como é do conhecimento público, Lula da Silva, condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro, foi “descondenado” por uma manobra jurídica controversa e reconduzido ao poder por um sistema que hoje ensaia seu desembarque. O desgaste é crescente e, ao que parece, irreversível, refletindo-se nos piores índices de aprovação presidencial desde a redemocratização.
A história, como já dizia Marx, se repete como tragédia e depois como farsa, e no caso do lulopetismo, ambas se manifestam ao mesmo tempo. Escândalos como o Mensalão e o Petrolão voltam a assombrar o Brasil, agora com novos protagonistas e novas vítimas: os mais pobres.
O novo epicentro da corrupção é o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), um órgão vital para milhões de brasileiros, agora transformado em alvo de fraudes sistêmicas. Em 2025, investigações começaram a revelar esquemas bilionários envolvendo descontos indevidos, empréstimos consignados, fraudes no seguro-desemprego e concessões irregulares de benefícios.
Diferente da narrativa lulopetista, a origem do escândalo remonta à revogação de mecanismos de controle implementados no governo Bolsonaro. Em 18 de janeiro de 2019, no primeiro mês de mandato, Bolsonaro editou a Medida Provisória 871/2019, com o objetivo de combater fraudes no INSS. A medida foi convertida em lei em 3 de junho daquele ano, apesar da forte oposição da esquerda.
Entretanto, em agosto de 2022, o Congresso — com apoio de partidos como PT, PSOL, PDT, PCdoB e parte do centrão — revogou esse mecanismo por meio da MP 1.107/2022. Na prática, esse ato metodicamente calculado abriu as portas para que a “companheirada” voltasse a atuar naquilo em que são experts: a corrupção.
Como era previsível, o resultado foi desastroso. Somente em 2023, o esquema de corrupção montado no INSS penalizou cerca de 9 milhões de aposentados, com perdas superiores a R$ 6,2 bilhões. A fraude consistia em descontos associativos indevidos, realizados por funcionários corruptos, sem qualquer autorização das vítimas, em conluio com sindicatos e associações parasindicais conveniadas.
Mas esse foi apenas o início da nova onda de corrupção petista. Logo surgiram provas de que a predisposição do governo à corrupção não conhece limites. A operação deflagrada pela PF, em fevereiro desse ano, descobriu que a gangue que se apoderou do INSS tinha arquitetado um assalto aos aposentados muito mais rentável: os empréstimos consignados irregulares. Estima-se que os aposentados tenham sido lesados em mais de R$ 90 bilhões. Dezenas de milhares receberam empréstimos não autorizados, com taxas abusivas e cláusulas fraudulentas. Os corruptos também embolsaram bilhões de reais por meio de concessões indevidas de benefícios previdenciários e do seguro-desemprego. No geral, o rombo total no INSS já ultrapassa os R$ 250 bilhões.
Pelo menos 31 entidades estão sob investigação, incluindo a CONTAG e o SINDNAPI. Esta última, que mais cresceu em número de contribuintes nos últimos dois anos, tem como vice-presidente o Frei Chico — irmão do presidente Lula. Coincidência?
A corrupção endêmica do governo Lula é perfeitamente previsível quando se observa o perfil da sua equipe ministerial. Segundo levantamento da Gazeta do Povo, publicado em 19 de maio de 2025, dos 37 ministros nomeados por Lula em janeiro de 2023, pelo menos 19 já enfrentaram investigações judiciais ou estiveram envolvidos em escândalos de corrupção.
Entre os nomes citados, estão figuras carimbadas como: Fernando Haddad (PT), Rui Costa (PT), Alexandre Padilha (PT), Wellington Dias (PT), Luiz Marinho (PT), Paulo Pimenta (PT), Camilo Santana (PT), Geraldo Alckmin (PSB), Márcio França (PSB) , Flávio Dino (PSB) , Carlos Lupi (PDT), Simone Tebet (MDB), Renan Filho (MDB) e Marina Silva (Rede)
Com um ministério com esse histórico, os escândalos não são acidentes, são consequências. O lulopetismo mais uma vez revela sua incompatibilidade com os princípios éticos que devem reger a administração pública. Neste governo, a corrupção não é um desvio ocasional, mas um componente estrutural da lógica de poder que o sustenta. E, como a história dos governos petistas tem demonstrado, o preço sempre recai sobre os mais vulneráveis — justamente aqueles que eles afirmam defender.
Diante da dimensão dos valores envolvidos, espanta a indiferença do STF, que costuma dar 48 horas para que membros da oposição respondam por atos irrelevantes, mas mantém-se silencioso diante desse escândalo de proporções colossais. Em meio a essa omissão previsível, o deputado Nicolas Ferreira protocolou um mandado de segurança no STF, na última quinta-feira, exigindo que a Corte reconheça o direito constitucional das minorias parlamentares e determine a abertura imediata da CPI, que já conta com os números legais para sua instalação.
Enquanto a adesão pela CPI cresce no Congresso e nas ruas, Lula da Silva treme nas bases, pois tem consciência de que a abertura de uma dessas comissões resultará na aprovação do seu impeachment.
João Arruda é sociólogo e professor aposentado da UFC
Ver comentários (1)
O nobre articulista está com saudade da privataria tucana ou da roubalheira ocorrida, no desmantelo Bolsonaro, inclusive no MEC? E os milhões de brasileiros, mortos, por conta da desídia bolso/tucana? Nada?
Cobrar do Lula, sim; mas cobrar de todos!