“A crise de uma direita angustiada” – Por Luiz Henrique Campos

Atos do domingo pró-Bolsonaro, em alguns estados brasileiros. Foto: Reprodução

Com o título “A crise de uma direita angustiada”, eis título da “Coluna Fora ds 4 Linhas”, assinada, nesta segunda-feira, pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “O que se viu neste domingo em algumas cidades brasileiras, com alguns “malucos” (termo usado por Bolsonaro) defendendo Trump e ignorando as consequências do tarifaço, mostram claramente a relativização do patriotismo e da família, pois a pátria agora é americana e a família, bolsonarista”, expõe o colunista.

Confira:

A angústia é um conceito fundamental na clínica fenomenológica-existencial. Não se trataria simplesmente de uma emoção negativa, mas a disposição afetiva que revela a abertura do ser humano para o mundo e para suas próprias possibilidades existenciais. Essa disposição afetiva tem na obra de Martin Heidegger um privilégio em relação às outras disposições, uma vez que ela, em seu caráter ontológico, é o motor da existência humana.

Olhando por esse prisma, talvez esteja a direita brasileira – não a extrema, a partir do efeito Trump, vivendo momento necessário. Se de um lado ainda temos e continuaremos a ter, como definiu Bolsonaro, “uns malucos”, que não são poucos, oferecendo nas ruas espetáculos zuretas; de outro, alguns começam a viver uma crise existencial que lhes permitirá tirar a venda dos olhos que foi colocada à base de doutrinação patológica que tinha como princípios, Deus, pátria e família. Mas para isso, é preciso querer.

O que se viu neste domingo em algumas cidades brasileiras, com alguns “malucos” (termo usado por Bolsonaro) defendendo Trump e ignorando as consequências do tarifaço, mostram claramente a relativização do patriotismo e da família, pois a pátria agora é americana e a família, bolsonarista. Só não vê quem não quer. A questão é que essa relativização não cola mais para a maioria da população e as pesquisas atestam isso.

E como ficam os pretensos direitistas que já entenderam essa lógica, mas que ao mesmo tempo, precisam dos votos dessa direita amalucada (segundo o próprio Bolsonaro)? Esse será o grande dilema a ser enfrentado nas próximas eleições; ou seja, seguir ao lado de um discurso de bolha, fechando-se para o resto do eleitorado, ou descolar-se da extrema, buscando atrair o centro? Não parece ser fácil. Mas se a vida pede coragem, é preciso entender o momento de escolher entre a coragem e a submissão.

*Luiz Henrique Campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”.

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