“A deformação do sistema político institucional e econômico no mundo: o caso brasileiro” – Por Célio Fernando

Célio Fernando é vice da Academia Cearense de Economia. Foto: Reprodução

Com o título “A deformação do sistema político institucional e econômico no mundo: o caso brasileiro”, eis artigo de Célio Fernando, economista evice-presidente da Academia Cearense de Economia.

“Onde houver dúvida, que eu leve a fé” – Oração de São Francisco.

Muitas vezes, nossas opiniões, agora polarizadas, se fundamentam em crenças, valores e conhecimentos numa sociedade em profundas mudanças. Esse rito de passagem é definido nos riscos globais, principalmente os de curto prazo, do World Economic Forum, que definem a desinformação e seus deepfakes e as mudanças climáticas extremas que se confundem com discursos políticos rasos. Discursos que mostram uma faceta de jogos de interesse cobertos por um manto de desinformações. Os deepfakes, apesar da retórica sobre os avanços tecnológicos, principalmente a inteligência artificial, reorganizam um pensamento global onde “Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”, frase de Joseph Goebbels, ministro inadequado – na ética e na moral – da propaganda na Alemanha nazista. O planeta está doente, derrapando há cem anos em dogmas doutrinários, sectaristas, aprofundados com os eventos climáticos extremos acelerados e uma alma perversa por líderes globais que refletem a saúde mental contestável do planeta. O populismo “de direita ou de esquerda”, menções equivocadas do mundo contemporâneo, que traduziam as diferenças na Revolução Francesa e Revolução Industrial, definem a polarização dos regimes democráticos. Não se deve confundir com os regimes econômicos, que se escondem no debate socialista-capitalista, todos guardando os mesmos hiatos de aprofundamento da pobreza universal. Aos que mostram alguma evolução em outra discrepância na ciência política, dependendo da territorialidade, os debates entre liberais e conservadores também são inconsistentes na solução da mudança de época.

Para definir a interpretação desse texto, me identifico claramente como um progressista. Conceituando: O que é um progressista? Não é, sem dúvida, uma construção ligada a um partido. Progressista defende reformas sociais e institucionais para ampliar direitos, reduzir desigualdades e modernizar políticas públicas com base em evidências. Valoriza: i) Regulação para corrigir falhas de mercado (trabalho, concorrência, meio ambiente); ii) Ciência e inovação como motores de progresso; iii) Democracia, Estado de Direito e políticas públicas orientadas por dados; iv) Expansão de direitos civis e políticos (minorias, mulheres, LGBTQIA+, voto, transparência); v) Igualdade de oportunidades (educação, saúde, proteção social).

Essa contextualização se faz necessária, minimamente, para entender o Brasil e suas polarizações. Na política das grandes romarias de vulneráveis, na luta pelo esperançar, sonhando por dias melhores, mas vivendo a hipocrisia da falta de soluções. Em primeiro lugar, é necessário dizer que não é mais possível encontrar na literatura legal o óbice do “não pode”. Tudo para trabalhar o conservadorismo dinâmico, tudo muda para nada mudar. Nossos líderes definem os próximos líderes, sem o voto, mas para ratificar com o voto a sua intergeracionalidade dos novos líderes, os escolhidos, pelas eminências pardas. Assim, mudar é difícil e, quando precisamos da transformação do nosso País, que não deveria mais falar em construção e sim em se descobrir. Juntos podemos descobrir o Brasil de tantas riquezas exploradas injustamente dentro e fora do País. Montesquieu guardaria a lógica dos três poderes bem diferente do que o senso comum tem nos mostrado na comunicação pública de nossa Nação. O Brasil, em grande parte de suas ações, legisla pelas medidas provisórias no Executivo, julga pelas CPIs do Legislativo e manda executar pelo Judiciário. Devemos respeitar trabalhadores e empresários, os que não têm emprego e os que lutam para manter seus empreendimentos com dívidas impagáveis. O modelo precisa de uma nova ordem para o progresso; a bandeira positivista, bem Auguste Comte, deveria ser um “tríptico” e incluir o amor. A ordem não traz o progresso; sem amor isso é impossível, é preciso humanizar. Começa por pessoas que tragam caráter e integridade, que não mintam ou omitam a verdade dessa realidade, que tragam uma nova moral com princípios realmente éticos. O nome dessa visão é “nos livrai de todo mal” para que o bem retorne às nossas instituições e torne nossa economia mais justa e acessível. Pensar diferente não é crime; é um poder de trazer um novo Iluminismo, principalmente na Terra do Sol. Hipocrisias à parte, nessa Divina Comédia, interesses e sobrevivências pessoais nos condenam ao mundo de Dante Alighieri, em seu inferno ou purgatório. A região Nordeste hoje é rica, muito rica. O Ceará, um berçário de genialidade, que perpassa o território em torno do Globo, sendo ecoado na inovação e na arte como nenhum Estado ou mesmo País, em alguns casos. A institucionalidade se retrata nesses berços de inteligência humana que já não naturalizam a pobreza do Estado ou da Região e sabem que basta apenas decisões sem grupos nefastos que se agrupam por interesses escusos ao do povo. Vamos trabalhar para os mais necessitados, oferecendo dignidade pela educação em primeiro lugar.

*Celio Fernando

Economista, vice-presidente da Academia Cearense de Economia e secretário-geral do PSB do Ceará.

 

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