“As eleições de 1985 para prefeitos e de 1989 para presidente foi o retorno da esperança, onde deposita-se em cada um de nós, eleitores, a responsabilidade de definirmos o nosso próprio futuro”, aponta o médico Heitor Férrer.
Confira:
Tirei meu título de eleitor em 1973. Só fui voltar para prefeito de Fortaleza em 1985, 12 anos depois, e para presidente da República em 1989, 16 anos. Era o auge da ditadura militar. Não se votava para prefeito das capitais nem para governadores nem para presidente da República. Que coisa mórbida e sem graça. Sob democracia plena, o Brasil vivencia a escolha dos administradores de nossas cidades. Vemos a empolgação das pessoas, a busca por notícias, o fervor da imprensa, a emoção a cada divulgação das pesquisas eleitorais, as promessas dos candidatos, e, acima de tudo, a esperança renovada a cada eleição.
A democracia é pilar fundamental para a construção de uma sociedade plural, onde a voz de todos é valorizada através do voto popular universal e secreto. A ditadura militar nos deixou cicatrizes profundas. A ausência de eleições era a anulação da vontade popular. Na frieza do Palácio do Planalto, o general presidente da República nomeava o prefeito de Fortaleza e o governador do Ceará, e nós, povo, apenas dizíamos amém!
Éramos privados de nossas escolhas.
Redemocratizamo-nos!
Cada pleito eleitoral é um festival de cidadania. Cada voto é um grito de independência e liberdade. As eleições de 1985 para prefeitos e de 1989 para presidente foi o retorno da esperança, onde deposita-se em cada um de nós, eleitores, a responsabilidade de definirmos o nosso próprio futuro. Nenhum dirigente nos é imposto. Nós escolhemos!
Como entender que, até há bem pouco tempo, ainda se falou em intervenção militar, volta de Al-5, em detrimento de toda essa riqueza da democracia. A emoção de cada resultado eleitoral é a manifestação de um povo que se recusa a ser silenciado novamente, porem a história nos ensina que a democracia tem construção diária, exige vigilância permanente e que os vencedores entendam que, a cada novo voto, eles têm o compromisso de melhorar a vida das pessoas, sustentáculo de todo o poder. Ode à democracia, diploma da vontade popular, caminho único de um futuro coletivo e que nunca mais olhemos para trás. Democracia sempre, ditadura nunca mais!
Heitor Férrer é médico