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“A eleição do PT em Caucaia e o risco de ‘tragédia anunciada’ em 2026, no Ceará e no Brasil” – Por Nicolau Araújo

Nicolau Araújo é jornalista

“Então, quem seria aquele homem nunca visto antes em Caucaia e agora queria governar a cidade?”, apontou o jornalista Nicolau Araújo

Confira:

A postura empregada no ano passado pelo PT, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, expõe o modelo por ora adotado no Ceará e no Brasil, quando o partido decidiu marchar sozinho nas políticas impactantes, tendo aliados como coadjuvantes. Parceiros, ainda que no discurso.

O modelo talvez se justifique na possibilidade de o PT vir de chapa pura ao Palácio do Planalto, diante da já avançada idade do presidente Lula, que este ano completará 80 anos. É fato uma disputa de Lula à reeleição. Já o cumprimento de um novo mandato…

O mesmo vale para o Ceará, quando o modelo adotado há 10 anos também se confunde com pessoas.

Mas, o que teria uma candidatura em Caucaia, no ano passado, a ver com os destinos do Palácio da Abolição e do Palácio do Planalto no próximo ano?

O descaso para com aliados.

Única candidatura capaz de garantir a continuidade das entregas do ônibus de graça, da internet gratuita, da valorização do servidor, dos avanços na educação, da construção de novos espigões, do aparelhamento do hospital municipal, dentre outras políticas públicas, Waldemir Catanho abriu mão do apoio do prefeito Vitor Valim para vender ao eleitor de Caucaia a gestão Luizianne Lins, em Fortaleza.

Quando a candidatura Naumi Amorim (PSD) se encontrava “nas cordas”, diante de uma entrevista na qual afirmou que acabaria com o Bora de Graça, Catanho poupou o adversário de nocaute ao declarar que o maior programa do país da gratuidade no ônibus não pertenceria a nenhuma pessoa ou gestor, mas ao município.

Depois afirmou que faltariam médicos e medicamentos no atendimento à saúde, coisa que não ocorria na gestão Luizianne.

Seria compreensível e legítimo a desconstrução da imagem de Vitor Valim, após Catanho ser eleito prefeito, pois o então gestor havia desistido de concorrer à reeleição pela perda prematura de sua primogênita. O coração de pai sangrava e doía. Mas, após quatro anos, ainda estaria sangrando? A dor nunca passa.

Mas a desconstrução ocorreu durante a campanha. Em um erro estratégico sem igual.

Então, quem seria aquele homem nunca visto antes em Caucaia e agora queria governar a cidade? Pensou o eleitor, que demorou todo o primeiro turno para perceber que Valim pedia votos para Catanho “de graça”. Pior, em eventos muitas vezes pagos com o comprometimento do orçamento familiar. E uma vantagem irrisória de oito votos levou Catanho para o segundo turno, diante de uma campanha insossa da terceira colocada Emília Pessoa (PSDB).

E foi no segundo turno que a equivocada estratégia de Catanho foi desnudada. Inocência do então candidato do PT acreditar que os 72 mil votos do segundo turno foram conquistados pelo partido ou pelo seu discurso de vender Fortaleza para Caucaia. Grande parte se deu pelo temor da população em perder as políticas públicas, o que atualmente segue em prática, enquanto outra parte desgosta de Naumi. Sem militância no município, o PT contava somente com uma cadeira na Câmara Municipal. Mesmo com um candidato próprio, o partido agora ocupa apenas duas das 23 cadeiras no Legislativo.

Ainda no equívoco estratégico, o PT acredita poder usurpar para si as políticas públicas do ex-gestor Vitor Valim, que tem atualmente o prefeito Naumi como maior cabo eleitoral.

A levar o desejo adiante, o PT poderá proporcionar a Naumi, mais uma vez, um W.O. no segundo maior colégio eleitoral do Estado em candidaturas para a Câmara Federal, para a Assembleia Legislativa, para o Senado, para o Governo do Estado, para a Presidência da República.

Aliados não são coadjuvantes, tampouco adversários. Devem ser tratados como parceiros, ainda que no discurso…

Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Ver comentários (2)

  • Nicolau expressa a lógica do "PT ao centro", ou seja, o Partido faz campanha em 2022, pensando em 2024, e assim por diante. Ocorre que no PT tem aqueles que não abrem mão de defender o "Modo Petista de Governar", o que o Jornalista
    acertadamente, chama "Gestão Luizianne Lins". O PT verdadeiramente PT, não descartou o seu "Modo Petista de Governar" na campanha em Caucaia, porque na verdade, esse Projeto já lhe deu muitos frutos. Inclusive, levar a eleição para o segundo turno em Caucaia, o segundo maior colégio eleitoral do Ceará. Esse projeto governou Fortaleza por 8(oito)anos e está parecendo que Evandro Leitão não descarta sua implementação. O Orçamento Participativo está sendo esboçado como vontade do Gestor. Pra dar 100% certo, falta o CARISMA de Luizianne Lins. Mas, o fato de reunir a população para participar, informando suas prioridades e sendo informada do que é possível. É louvável. O PT sabe fazer.

  • Essa tragédia sempre anunciada pela mídia PIG nem sempre se confirmou. Aliás, derrotar os Tucanos 4(quatro)eleições consecutivas(sem que tal fato fosse tragédia anunciada pra eles), não me parece pouca coisa. Voltar a Governar o Brasil a contra gosto de Steve Bennon com o Trump Tupiniquim torrando o dinheiro da União e usando a máquina até para bloqueio das estradas, também, não é pouca coisa. Estamos vivendo um momento de transformações no mundo todo. O Governo faz um esforço gigante para por em prática políticas públicas como isenção de imposto para quem ganha até R$5.000,00. O congresso eleito por quem também elegeu Lula, não quer taxar os super-ricos, mas, não ficará bom para a reeleição dos congressistas. O PT pode até não fazer o Hexa, mas, tirou da gaveta a reforma tributária há 40 anos trancada. Se tiver feito só isso até 2026, longe está de poder ser qualificado de tragédia. Enredo generalizado...

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