“A encruzilhada de Trump na Venezuela” – Por Luiz Henrique Campos

Com o títuo “A encruzilhada de Trump na Venezuela”, eis título da coluna “Fora das 4 Linhas”, do jornalista Luiz Henrique Campos. “Potências e países emergentes que não concordam com a aventura militar americana já sinalizam desconforto, ampliando o isolamento dos Estados Unidos em um cenário internacional cada vez mais multipolar. A aposta de Trump, nesse sentido, pode acabar acelerando alianças contrárias aos interesses de Washington”, expõe o colunista.

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A recente incursão bélica de Donald Trump no Pacífico, com o objetivo declarado de encurralar o regime de Nicolás Maduro, coloca o presidente norte-americano diante de uma encruzilhada política e diplomática. Fiel ao seu estilo extemporâneo, Trump apostou na retórica da defesa da democracia como justificativa para pressionar Caracas, imaginando talvez um rápido colapso do chavismo. O cálculo, porém, falhou. Maduro resistiu, reorganizou apoios e transformou uma crise regional em um problema de alcance global.

Não é a primeira vez que Trump lança mão desse discurso seletivo. Assim como já fez em relação ao Brasil, no caso da Venezuela, evocou o combate ao narcotráfico e a defesa das liberdades como pano de fundo moral de sua ofensiva. No entanto, os fatos desmentem a narrativa. A Venezuela está longe de ser o principal corredor de drogas para o mercado consumidor norte-americano, papel ocupado de forma muito mais intensa por outros países da região, curiosamente ausentes do radar belicoso de Washington. O que sobra, portanto, é o velho e conhecido interesse econômico, centrado no petróleo venezuelano.

Com o jogo mais explícito, Trump se vê agora entre a cruz e a espada. Uma invasão direta da Venezuela não seria simples nem barata. Exigiria recursos vultosos, presença militar prolongada e custos políticos que poderiam se estender por todo o seu mandato. Além disso, haveria o constrangimento de negociar com um eventual novo governo venezuelano o ônus de uma intervenção percebida, dentro e fora do país, como espoliação de riquezas nacionais.

Os riscos diplomáticos também não são desprezíveis. Potências e países emergentes que não concordam com a aventura militar americana já sinalizam desconforto, ampliando o isolamento dos Estados Unidos em um cenário internacional cada vez mais multipolar. A aposta de Trump, nesse sentido, pode acabar acelerando alianças contrárias aos interesses de Washington.

Por outro lado, o recuo neste momento seria igualmente desastroso para a imagem do presidente. Já rotulado por críticos como um falastrão que ameaça mais do que age, Trump reforçaria a caricatura do líder que recua na hora decisiva. Com a popularidade em baixa e indicadores econômicos desfavoráveis nos EUA, qualquer passo em falso na Venezuela tende a agravar ainda mais seu desgaste. A encruzilhada está posta: avançar e pagar um preço alto, ou recuar e confirmar o rótulo que tanto o persegue.

*Luiz Henrique Campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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