Proposta das bibliotecas itinerantes do Projeto Meros do Brasil
Mais de 20 títulos celebram a natureza, a infância, o brincar – assuntos atuais e urgentes
Dentro de uma pequena bolsa cabe um universo rico em histórias e seres encantados que podem ser descobertos por meio da literatura brasileira. Essa é a proposta das bibliotecas itinerantes do Projeto Meros do Brasil que, em outubro de 2023, espalharam-se pelo litoral do país.
A iniciativa de educação ambiental coloca, lado a lado, cultura, educação e ciência e é realizada em municípios de nove estados brasileiros – Pará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
“As bibliotecas itinerantes contribuem com a garantia de valores fundamentais à infância, como o respeito, empatia e a conexão com diversos mundos e com a fantasia. Vêm para oferecer a oportunidade de conhecer a natureza, o oceano e a biodiversidade do Brasil, com referências de espécies, ambientes e culturas do nosso país. Celebram nossa arte, nossa cultura, fauna e flora, nossa música, origens e costumes”, explica Maíra Borgonha, responsável pelas bibliotecas.
A seleção das obras é feita com um olhar voltado para realidades sócio-históricas e culturais diversas e para as múltiplas infâncias brasileiras. Entre os títulos, compilações de contos com grande arcabouço mitológico: “Os príncipes do destino: histórias da mitologia afro-brasileira”, de Reginaldo Prandi; “Histórias à brasileiras”, de Ana Maria Machado; livros de autores negros e indígenas como “As fabulosas fábulas de Iauaretê” – KakaWerá Jecupé e “Dumazi”, de Valanga Khoza; além de “O Brasil 100 palavras”, de Gilles Eduar, que apresenta o bioma brasileiro, entre outros. A biblioteca também conta com livros de projetos parceiros, como o Teia das Águas, da autora Bia Hetzel do Projeto Coral Vivo.
A itinerância e contação de histórias andam lado a lado nas ações de educação ambiental do projeto Meros do Brasil e a iniciativa foi patrocinada pela Petrobrás, por meio do Programa Petrobrás Socioambiental. Os livros também podem ser emprestados para bibliotecas de escolas que solicitem parceria.
“Elas são um manifesto à ciência e à diversidade e, ao mesmo tempo, nosso olhar atento a um tempo rápido demais e com muitas etapas suprimidas nessa era tecnológica. A ciência mostra que a leitura é uma das atividades mais desafiadoras para o cérebro humano. Nada oferece mais possibilidades a desenvolver a linguagem, a escrita, a criatividade e a imaginação. A leitura permite o conhecimento e o questionamento da realidade em que vivemos e vem para ajudar a garantir que as histórias sejam contadas com diversas perspectivas, nas diferentes infâncias”, destaca Maíra Borgonha, responsável pelas bibliotecas.
“A Viagem de Itajara” na biblioteca itinerante
A jornada de Itajara, uma peixinha aventureira da espécie mero, é contada com muita brasilidade no livro “A viagem de Itajara”. A publicação lançada ao final de 2023, indicada para primeira e segunda infância, está disponível para download (https://www.merosdobrasil.org/publicacoes?task=download.send&id=17&catid=2&m=0) e faz parte da seleção para a biblioteca itinerante.
A publicação chama atenção, de forma lúdica, para a importância da conservação dos meros, peixes criticamente ameaçados de extinção. Com roteiro de Maíra Borgonha as ilustrações foram assinadas por Eduarda Canuto. Esta é a primeira vez que o mero e os seus habitats são representados em uma história infantil.
Na história, Itajara sente um chamado para uma aventura, sai do manguezal, viaja pelo oceano, passa por várias provações e conta com muita ajuda em sua jornada, que termina quando realiza a sua missão de dar sequência ao legado de sua espécie. Com 32 páginas, a publicação traz ao final um compilado de informações relacionadas a cada etapa da jornada da peixinha heroína Itajara. A proposta é apoiar e inspirar a contação de histórias.
Projeto Meros do Brasil
O Projeto Meros do Brasil é uma iniciativa socioambiental de conservação, que tem como principal objetivo a proteção dos meros e dos ambientes costeiros e marinhos.
Surgiu em 2002, a partir de uma demanda da sociedade civil (mergulhadores/pescadores) que começou a observar o desaparecimento dos meros em pontos onde antes eram avistados. Na época, pesquisadores que hoje ainda fazem parte do Projeto Meros do Brasil desenvolviam pesquisas com as garoupas em São Francisco do Sul, Santa Catarina.
As ações estão voltadas para a conservação da sociobiodiversidade através da pesquisa científica, educação, comunicação e da arte, e buscam envolver as comunidades locais, valorizando o seu conhecimento, e toda a sociedade, promovendo equidade de gênero, inclusão racial e de pessoas com deficiência.
Para mais informações sobre o projeto, acesse: @merosdobrasil no Instagram.
Já imaginou iniciativas assim no nosso Ceará? Proteger nossa biodiversidade e ainda contribuir com a formação do público leitor? Elas devem existir e merecem ser contadas.
Envie sua sugestão para mirellecosta.jorn@gmail.com
Até a próxima semana!
Uma resposta
Que fantástica iniciativa!!! É através dos incentivos na pequena infância que implantaremos o amor e consciência pela preservação do meio ambiente. Meu aplauso e gratidão por todos os envolvidos na luta constante por um mundo melhor!!!