“No Brasil, nestes tempos sombrios de alta e baixa advocacia e Justiça monocrática, não se sabe quantos terroristas, espiões e ‘traidores da pátria’ serão condenados”, aponta o cientista político Paulo Elpídio de Menezes Neto
Confira:
“A condenação de Dreyfuss foi uma deturpação da Justiça”, Emile Zola
A democracia está sendo usada para destruir como se democracia fosse para destruir a consciência democrática dos brasileiros.
A acusação contra Dreyfuss e a sua condenação como “traidor da pátria” sustentou-se por muitos anos, na França, pela corrupção que grassou ao tempo o exército e o judiciário, graças a expedientes como este.
Baseado em provas forjadas por falsificação produzida por um major do Estado Maior, o processo — vergonha que ainda hoje lança uma mancha na história do exército francês — fez-se elemento poderoso para a acusação e condenação de um judeu-francês.
Em dois momentos, repetiram-se, no Brasil, as tentativas de fraude com a Carta Brandi e o Projeto Cohen, baseadas na falsificação de provas e de correspondência. A mídia, que era suficientemente forte para ter opinião, descobriu a trama.
Na França, um jornalista, Georges Clemenceau, um escritor, Emile Zola e um jornal , l’Aurore, alcançaram a vitória em rumoroso processo, com a o reconhecimento da inocência de Alfred Dreyfuss e a sua reabilitação, e o desmascaramento da trama iníqua.
No Brasil, nestes tempos sombrios de alta e baixa advocacia e Justiça monocrática, não se sabe quantos terroristas, espiões e “traidores da pátria” serão condenados… Ainda.
Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor, escritor e ex-reitor da UFC