“Ao afirmar que os traficantes seriam ‘vítimas dos usuários’, o chefe de Estado ultrapassou todos os limites do bom senso e da responsabilidade pública”, aponta a médica e deputada estadual Dra. Silvana Oliveira
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A política de segurança pública do atual governo federal é um retrato eloquente do descolamento entre a retórica ideológica e a realidade sofrida do povo brasileiro. O Partido dos Trabalhadores e seus aliados insistem em sustentar uma pseudo-política de “defesa dos direitos humanos” que, na prática, serve de escudo para a criminalidade organizada e para lideranças de facções que espalham medo e dor nas comunidades. Essa distorção de valores tem transformado o conceito de direitos humanos em instrumento de impunidade, em vez de proteção àqueles que mais precisam: os milhões de trabalhadores honestos, que vivem sitiados pela violência e sem a mínima sensação de segurança.
Enquanto o cidadão comum tranca suas portas e teme sair à noite, o discurso oficial trata criminosos como vítimas de um sistema opressor, ignorando o sofrimento real das vítimas e de suas famílias. Mais grave ainda é o papel de parte do Poder Judiciário, que, sob o pretexto de “moderar excessos”, impõe restrições à ação policial em diversos Estados da Federação. Ao tolher a força legítima do Estado, decisões desse tipo acabam fortalecendo as organizações criminosas, que se aproveitam da fragilidade institucional para se expandirem, infiltrando-se em presídios, periferias e até nas estruturas políticas.
O episódio mais emblemático dessa inversão moral veio das próprias palavras do presidente da República. Ao afirmar que os traficantes seriam “vítimas dos usuários”, o chefe de Estado ultrapassou todos os limites do bom senso e da responsabilidade pública. Essa declaração, além de incompreensível, é condenável sob todos os aspectos: transforma criminosos em mártires e desumaniza as verdadeiras vítimas — as famílias destroçadas pelo vício, a juventude seduzida pelo consumo de drogas e os trabalhadores que veem seus bairros tomados pela insegurança. Ao sugerir que o traficante é uma vítima, o presidente presta um desserviço à sociedade e envia uma mensagem perigosa, que enfraquece a luta contra o narcotráfico e banaliza o sofrimento causado por ele.
O Brasil precisa urgentemente de uma política de segurança pública baseada em princípios éticos claros, na autoridade do Estado e na valorização das forças policiais. É inadmissível que o país continue refém de discursos ideológicos que romantizam o crime e deslegitimam quem arrisca a vida para defender a população. A defesa dos direitos humanos deve começar pelas vítimas e não pelos algozes. O verdadeiro humanismo se expressa na proteção da vida, da ordem e da justiça, não na complacência com o mal.
Dra. Silvana Oliveira é médica e deputada estadual