“Católicos e protestantes/evangélicos, assim como outros ramos do pensamento cristão, entendem ser central a figura do Cristo ressuscitado para a Igreja”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves.
Confira:
O Plenário da Assembleia Legislativa do Ceará foi reformado depois do incêndio que o destruiu parcialmente. O grande crucifixo, clássica imagem de Jesus pregado na cruz, parcialmente queimado, que estava fixado na parede atrás da Mesa Diretora, foi substituído por um Cristo ressuscitado, imagem que remete a ascensão do Deus encarnado ao Céu. Ouvi de algumas pessoas críticas à mudança, sob a argumentação de que a imagem deveria ser a do Cristo na cruz, a tradicional, símbolo maior da imagética e da iconografia cristã. No entanto, considero que a mudança foi correta. A imagem do Cristo ressuscitado deveria ter sido sedimentada ao longo do tempo com base numa Teologia da Ressurreição. Porém, a Teologia da Cruz ganhou todos os espaços e mentes na bimilenar história da Igreja, com fundamento nos Evangelhos e, em especial nas Cartas paulinas. É certo que a dialética morte/vida no Cristianismo passa necessariamente pelo Calvário. Ninguém ressuscita se não tiver morrido. Mas, o próprio Apóstolo Paulo sentencia na Primeira Carta que escreveu aos Coríntios: “Se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Cor. 15.14). Portanto, em termos de Teologia da História, nenhum teólogo cristão discorda do fato de que a nossa fé, de olhos postos na cruz, na paixão e morte do homem Jesus, está assentada essencialmente na ressurreição do homem-Deus.
Católicos e protestantes/evangélicos, assim como outros ramos do pensamento cristão, entendem ser central a figura do Cristo ressuscitado para a Igreja. Wolfhart Pannenberg, teólogo protestante que viveu no século passado, talvez seja o pensador cristão que mais insistiu sobre a historicidade da ressurreição de Jesus. Ele construiu um edifício teológico sobre a cristologia em que assoma o Cristo ressuscitado. Pannenberg escreveu: “Até a ressurreição a unidade de Jesus com Deus esteve oculta (…) e esteve oculta porque então não se havia decidido sobre ela.” Ou seja, a plenitude da divindade de Jesus não se concretizou na cruz, mas na ressurreição.
Recentemente, a 4 de outubro passado, em audiência geral, o Papa Francisco chamou à atenção com muita propriedade para o fato de que a ressurreição de Cristo “é o núcleo da fé cristã, é a fonte de nossa esperança”. Porque o cristão, disse o Pontífice, “não é um profeta de desgraças”, já que “a esperança nossa não é só um sentimento de otimismo; é outra coisa, mais! É como se os fiéis fossem pessoas com um ‘pedaço de céu’ a mais sobre a cabeça”.
Com efeito, agiu corretamente o presidente Evandro Leitão, imagino que seguindo orientação da sua esposa Cristiane, católica, quando colocou a imagem do Cristo ressuscitado no lugar do Cristo crucificado. A ressurreição de Jesus é seguro sinal de que a morte não tem a última palavra; e indica o caminho de luz e esperança para mudar as coisas para melhor.
Barros Alves é jornalista e poeta
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Aplausos a perfeita escrita onde revela a importancia Cristo Ressuscitado. Parabéns Barros Alves.