“O amor à pátria não é apenas sentimento, mas compromisso ético”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves
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Recentemente dois sacerdotes, um cantor famoso de frágil formação teológica, o padre Zezinho; e um militante comunista que sopra a fumaça de satanás dentro da Igreja Católica, o padre Júlio Lancellotti, criticaram de forma destabalhoada uma declaração pública de Dom Adair Guimarães, Bispo de Formosa, Goiás. Dom Adair invocou o poder de Nossa Senhora, Mãe de Deus, para que livre o Brasil do comunismo. Foi o bastante para que os militantes comunistas que se escondem atrás da batina para enganar multidões, se ouriçassem. Esses seguidores da “teologia da libertação”, na verdade uma pseudo-teologia, substituíram Deus pelos pobres. Ao repercutir ideologias malsãs e anticristãs, abandonaram a santidade da “Igreja em subida” (Clodovis Boff) e caminham preferencialmente pela trilha herética de uma “Igreja em saída” (Leonardo Boff, documentos de Medelin, Puebla etc). Dom Adair, muito sabiamente não respondeu aos hereges.
A fé cristã sempre esteve ligada a valores que ultrapassam a esfera individual e se projetam na vida social e política. O cristão, ao viver sua vocação no mundo, não pode se isentar do dever cívico de contribuir para o bem comum e para a preservação dos fundamentos morais e espirituais de sua nação. No caso do Brasil, essa missão adquire relevo especial diante das ameaças ideológicas que procuram relativizar valores cristãos e enfraquecer os pilares da sociedade.
O amor à pátria não é apenas sentimento, mas compromisso ético. O cristão, ao rezar pelo seu país e agir em favor dele, invocando a proteção da Mãe de Deus (Teotokos), por exemplo, coloca-se a serviço de uma comunidade que transcende interesses individuais e se ancora no mandamento evangélico do amor ao próximo. A pátria é, antes de tudo, uma grande família, e defendê-la é responsabilidade de todos.
Nesse contexto, é preciso reconhecer os riscos que ideologias de cunho materialista, como o comunismo, oferecem à identidade brasileira. A visão comunista nega a transcendência e reduz o ser humano a mero produto das estruturas econômicas, negando sua dignidade espiritual e sua liberdade. Tal doutrina, ao propor a luta de classes como motor da história, mina a harmonia social e contrasta com a mensagem cristã de reconciliação, justiça e fraternidade.
A ação cívica do cristão, portanto, deve ser ativa e esclarecida. Não se trata apenas de votar ou participar da vida política, mas de testemunhar valores que sustentam a verdadeira liberdade: a dignidade da pessoa humana, a família como núcleo vital da sociedade, a defesa da vida em todas as etapas e a solidariedade. Defender a pátria contra ideologias contrárias a esses princípios é uma forma de fidelidade a Deus e ao Evangelho.
O Brasil, país de profundas raízes cristãs, sobretudo católicas, necessita de cidadãos conscientes de que fé e cidadania não se excluem, mas se fortalecem mutuamente. Quando o cristão se omite, abre espaço para que forças contrárias à verdade se imponham. Quando, ao contrário, assume seu papel, contribui para uma sociedade justa, fraterna e livre.
Assim, a ação cívica do cristão é, ao mesmo tempo, ato de fé e de patriotismo. Defender a pátria brasileira contra ideologias que negam Deus e a liberdade do homem é uma exigência do Evangelho vivido em sua plenitude. É, enfim, colocar-se na linha de frente pela preservação da identidade cristã do Brasil, garantindo que as futuras gerações herdem uma nação fiel à sua vocação histórica de paz, justiça e fraternidade.
A missão do cristão não se limita ao âmbito espiritual privado; ela se estende à vida social e política, como expressão da caridade e da responsabilidade para com o bem comum. O amor à pátria é parte do mandamento de amar ao próximo, pois a nação é a comunidade maior onde se desenvolve a vida de cada pessoa.
A Sagrada Escritura ensina que o cristão deve ser “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14), o que significa agir ativamente para transformar a sociedade à luz do Evangelho. São Paulo recorda: “Que cada um se submeta às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus” (Rm 13,1). Tal submissão, no entanto, não significa passividade, em especial quando autoridades intentam retirar Nosso Senhor Jesus Cristo do centro da História. Ao cristão cabe o dever de uma participação responsável na construção de uma ordem justa, em conformidade com a vontade de Deus.
No Antigo Testamento, o profeta Jeremias exortou o povo no exílio: “Procurai a prosperidade da cidade para onde vos deportei e orai por ela ao Senhor, porque dela depende a vossa prosperidade” (Jr 29,7). Assim, a oração e a ação pelo bem da pátria não são opcionais, mas deveres espirituais.
Desde os primeiros séculos, os Padres da Igreja compreenderam a fé cristã como força de renovação da sociedade. Santo Agostinho, em “A Cidade de Deus”, ensina que há duas cidades – a de Deus e a dos homens – mas ambas se entrelaçam na história, de modo que o cristão deve agir na “cidade terrena” para ordená-la segundo a justiça divina.
São João Crisóstomo advertia: “Não participar da vida pública é trair a vida em comum”, mostrando que a omissão do cristão abre espaço para a corrupção das estruturas sociais.
São Tomás de Aquino, na Suma Teológica (I-II, q. 90-97), ensina que a lei e a política devem se ordenar ao bem comum, e que o cristão, como cidadão, deve colaborar ativamente para que esse fim seja alcançado, sempre subordinado à Cruz do Cristo como símbolo de verdadeira libertação.
O magistério da Igreja, sobretudo no século XX, alertou sobre os perigos do comunismo. O Papa Pio XI, na encíclica Divini Redemptoris (1937), afirma: “O comunismo é, por sua própria natureza, antirreligioso e considera a religião como ‘ópio do povo’ porque ensina aos homens a resignação e a confiança nos bens celestes, impedindo-os de aspirar à felicidade terrestre.” Essa ideologia nega a transcendência e a liberdade, reduzindo o homem a um mero instrumento econômico.
O Concílio Vaticano II, na Gaudium et Spes (n. 76), lembra que “a comunidade política e a Igreja, em seus campos próprios, são independentes e autônomas”, mas que os cristãos devem “contribuir, cada qual a seu modo, para o bem da sociedade, inspirando-se sempre no Evangelho”.
Amar a pátria é expressão que subjaz no quarto mandamento: “Honra teu pai e tua mãe” (Ex 20,12). O Catecismo da Igreja Católica (§2199) ensina que esse mandamento se estende também ao respeito e amor pela pátria, pois ela é a “mãe comum” de todos os cidadãos.
Assim, o cristão é chamado a defender a pátria contra forças que ameacem sua identidade espiritual e cultural. No caso do Brasil, país de raízes cristãs profundas, a defesa contra ideologias materialistas como o comunismo é também defesa da liberdade religiosa, da família e da dignidade humana.
Enfim, a ação cívica do cristão é ato de fé e de patriotismo. Inspirado pela Escritura, pela tradição e pelo magistério, o discípulo de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo não pode se omitir diante das ameaças à sua pátria. Defender o Brasil contra ideologias que negam a Deus e a dignidade da pessoa é um testemunho concreto de amor a Cristo e ao próximo.
Como recorda São Paulo: “Sede firmes, inabaláveis, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que no Senhor o vosso trabalho não é em vão” (1Cor 15,58).
Barros Alves é jornalista e poeta