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“A influência de um cearense sobre o Papa Francisco” – Por Carlos Holanda

Carlos Holanda é jornalista, com experiência na Política. Foto: Arquivo Pessoal.

Com o titulo “A influência de um cearense sobre o Papa Francisco”, eis artigo de Carlos Holanda, jornalista. Ele traz importante detalhe acerca da vida de Francisco e suas influências dentro da Igreja Católica.

Confira:

“Me vem à mente o que dizia aquele santo bispo brasileiro”, disse o papa Francisco aos membros da cúpula do Vaticano em 21 de dezembro de 2020, antes de citar a frase de Hélder Câmara: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo; quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista”.

Dom Hélder Pessoa Câmara (1909-1999), arcebispo católico nascido em Fortaleza, foi conhecido pela defesa dos direitos humanos, sobretudo dos pobres. Câmara serviu a Igreja Católica em Olinda e Recife.

A corrente de pensamento por meio da qual o cearense interpretou a realidade é chamada Teologia da Libertação, da qual foi um dos principais representantes ao lado do peruano Gustavo Gutiérrez e do brasileiro Leonardo Boff, entre outros.

Os teólogos da Libertação entendem que a causa dos pobres e miseráveis é a causa do próprio Jesus, razão pela qual a defesa de transformações estruturais seria, no limite, a defesa do projeto de Cristo na Terra. O teor político do argumento e a influência da análise marxista são nítidos.

A Teologia da Libertação tem similaridades com a Teologia do Povo, mas se difere dela em alguns aspectos. O sacerdote colombiano Camilo Torres, uma liderança da teologia da Libertação, era abertamente defensor do levante em armas.

Torres não só defendeu como conciliou batina e rifle. Estava movido pela compreensão de que era aquele o único meio de combater as opressões vividas na América do Sul. A posição dele, extremada, não era unânime dentro da Teologia da Libertação.

Jorge Mario Bergoglio foi adepto da Teologia do Povo, surgida na Argentina entre 1970 e 1980. Foi um dos principais intérpretes dela, sob mentoria intelectual de Lúcio Gera (1924-2012), sacerdote argentino e professor da Faculdade de Teologia da Cidade de Buenos Aires. Há quem entenda a Teologia do Povo como a adaptação argentina da Teologia da Libertação, como o padre argentino Júlio Carlos Scannone.

Embora o componente da “opção preferencial pelos pobres” também seja um dos pilares da Teologia argentina do Povo, os métodos marxistas de análise da realidade não são os mais enfatizados nela. O enfoque desta está mais no olhar histórico-cultural do que na análise sócio-estrutural utilizada pela Teologia da Libertação.

Ou seja, na Teologia do Povo, dá-se grande importância à religiosidade popular, num esforço de interpretação da vida que se vive à luz da Bíblia. Para em um momento seguinte haver a interpretação da Bíblia à luz da vida que se vive. Política pura.

Bergoglio andava preferencialmente pelas periferias quando foi arcebispo de Buenos Aires. Em sinal prévio de atenção aos pobres do mundo inteiro, atribuiu ao seu pontificado (2013-2025) o nome de Francisco, uma referência ao padroeiro dos pobres.

São Francisco nasceu em Assis, na Itália, em 1182. Largou o luxo material e conduziu-se pela vida em estado de pobreza.

Em 11 de janeiro de 2015, em entrevista ao jornal italiano La Stampa , o papa Francisco disse que a globalização condenou muitas pessoas à fome, ainda que tenha ajudado outras a saírem da pobreza.

A publicação italiana cita três adjetivos que seus detratores comumente lhe direcionavam: “marxista”, “comunista” e “pauperista”.

O pontífice afirmou ao jornal que quando o dinheiro ganha protagonismo, empurrando o humano para a margem, homens e mulheres são reduzidos a simples joguetes do sistema social e econômico caracterizado pelo desequilíbrio.

“Não podemos mais esperar para resolver as causas estruturais da pobreza, para curar nossas sociedades de uma doença que só pode levar a novas crises. Os mercados e a especulação financeira não podem desfrutar de autonomia absoluta. Sem uma solução para os problemas dos pobres não resolveremos os problemas do mundo”, disse o papa sul-americano ao La Stampa.

Em 25 de fevereiro de 2015, Hélder Câmara foi declarado Servo de Deus pelo papa Francisco. O título é a sinalização de que uma pessoa está no primeiro passo em direção ao processo de canonização, a oficialização da santidade pela Igreja Católica.

*Carlos Holanda

Jornalista, esteve na redação do O POVO de 2017 a 2024, foi repórter especial de Política e assinou coluna sobre a desinformação e suas repercussões no debate público.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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