“A nova política nasceu velha, apodreceu cedo, mas o seu cheiro ainda vai durar muito” – Por Luiz Henrique Campos

Apoioáblindagem e à anistia do 8 de Janeiro. Foto: Agência Câmara

Com o título “A nova política nasceu velha, apodreceu cedo, mas o seu cheiro ainda vai durar muito”, eis a coluna “Fora das 4 Linhas”, assinada, nesta quinta-feira, pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “Toco apenas nesses pontos, sem entrar no mérito da qualificação intelectual de grande parte dessa bancada que é, talvez, a mais desqualificada que o nosso Congresso Nacional teve no período pós-ditadura”, expõe o colunista.

Confira:

Nas eleições de 2022, o cenário político brasileiro se apresentou com grande diversidade ideológica, destacando-se a forte presença de parlamentares de direita. Em termos percentuais, essa bancada no Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado) teve crescimento considerável em comparação com os pleitos anteriores. Na Câmara, por exemplo, a direita, incluindo partidos como o PL, o PP, o PSC e o PTB, abocanhou cerca de 60% a 65% dos deputados eleitos. O PL ficou com a maior bancada, registrando 99 deputados.

Já no Senado, as bancadas de direita e centro-direita também se consolidaram, com destaque para o PL e o PSDB, que formam blocos influentes. Embora o número de senadores de direita tenha sido menor, a maioria de apoio ao bloco ligado ao bolsonarismo manteve-se com essa ideologia. É importante ressaltar que esses parlamentares foram eleitos defendendo pleitos baseados principalmente em plataforma de segurança pública, conservadorismo moral, economia liberal e combate à corrupção.

É importante ter isso como referência, porque em outubro agora completam-se três anos da eleição dessa bancada e a maioria das pautas que se apresentavam como versão de uma nova política, foram para as cucuias em meio às circunstâncias que os fizeram morrer engasgados pelo próprio veneno. No caso da segurança pública, pedia o endurecimento das leis penais, e muitos dos então candidatos de direita o aumento da punição para crimes violentos. Agora, pedem anistia para condenados por tentativa de golpe militar e a blindagem, que pode ser interpretada como impunidade, para seus pares.

Quanto à economia liberal, os que defendiam principalmente a implementação de políticas mais alinhadas com o mercado, se vêem hoje na defesa de Trump e de suas políticas de fechamento de mercado e de interferência na autonomia do Banco Central americano. No âmbito interno, a proposta de simplificar o sistema tributário e reduzir a carga de impostos também foi amplamente defendida por parlamentares de direita, mas eis que estes emperram agora a intenção do governo em reduzir o IR para a faixa de até R$ 5 mil e barram o andamento das proposta de reforma tributária.

No campo do combate à corrupção, a direita defendeu reformas que aumentassem a transparência e o controle sobre os gastos públicos, além de combater o que consideram ser um “sistema corrupto” no Brasil. Muitos utilizavam discursos de moralização da política como forma de conquistar apoio popular. Três anos depois, aceitam como normal o orçamento secreto, quando deveriam se acostar ao ministro do STF, Flávio Dino, na sua cruzada em relação as emendas parlamentares sem destinação transparente.

Sobre o nacionalismo e a soberania adotaram retórica nacionalista, com foco na proteção da indústria nacional e a oposição a influências externas, especialmente no contexto de políticas internacionais. O que se vê, atualmente, é o apoio a taxação de Donald Trump e a interferência americano em nossos assuntos internos, escolhendo simbolicamente um deputado que mora fora do Brasil e todos os dias pede novas sanções ao nosso país, para liderar a bancada na Câmara dos Deputados.

Toco apenas nesses pontos, sem entrar no mérito da qualificação intelectual de grande parte dessa bancada que é, talvez, a mais desqualificada que o nosso Congresso Nacional teve no período pós-ditadura. Ou seja, a nova política nasceu velha, apodreceu cedo, mas o cheiro ainda parece que irá perdurar por muito tempo.

*Luiz Henrique Campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4Linhas”, do Blogdoeliomar.

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