Com o título “A polêmica Lady Gaga”, eis artigo de João Teles de Aguiar, professor e historiador e integrante do Projeto Confraria de Leitura. “O que deveria nos indignar mais é saber que no RJ existem áreas descobertas, fora do lençol oficial, que merecem do Poder Público muito mais atenção e respeito. Aí, sim, nossa cidadania deveria arregar nas críticas, para que o sr. Eduardo Paes, o prefeito, cuidasse melhor das famílias e da Cidade Maravilhosa”, expõe o articulista.
Confira:
Lady Gaga fez um show, no Rio de Janeiro, para cerca de 2,1 milhões de pessoas, no belíssimo bairro de Copacabana. Até aí, nada demais. O Rio é acostumado a megashows. Faz parte da vida da grande e bela cidade esse tipo de festa. Quem calculou a multidão que assistiu ao show, da noite do último sábado, foi a Riotur. Os números podem até assustar alguns, principalmente o pessoal conservador (e de visão anacrônica), que só defende ações culturais que lhes agradem.
Duvidaram dos números, duvidaram que aquilo seja “Cultura. Mas, quem define o que é Cultura? Eu, você, nós… a partir dos nossos gostos e desejos? Diz a imprensa que o dono do recorde, no RJ, é Rod Stewart, que está registrado no Guinness Book, “como dono da maior plateia da história, em um show gratuito.”, segundo o Portal Terra, ontem. “Na virada do ano, de 1994 para 1995, estima-se que entre 3,5 e 4 milhões de pessoas foram até Copacabana prestigiar o britânico”, acentua o texto.
Mas, polêmicas e senões à parte, quanto a festa gerou em impostos e dividendos para o Município do Rio? Quem foi ao show, gostou do que viu, sentiu que o dinheiro gasto valeu a pena?
Ou não é isso que interessa ao Governo Municipal e à galera?
E por que esse show de preconceito, por conta de um show que agrada o gosto dos outros? Por que ficar reclamando, esperneando por conta de uma festa que nem me teve por perto? Há umas coisas no Brasil…
O que deveria nos indignar mais é saber que no RJ existem áreas descobertas, fora do lençol oficial, que merecem do Poder Público muito mais atenção e respeito. Aí, sim, nossa cidadania deveria carregar nas críticas, para que o sr. Eduardo Paes, o prefeito, cuidasse melhor das famílias e da Cidade Maravilhosa.
Não cabe ao cidadão impor pautas e festas, num País diverso e gigantesco como o Brasil. Somos muitos, miscigenados e com gostos bem diversificados. Há coisas aqui que nos agradam. É normal, faz parte…
Quando tivermos um show daquele cantor/compositor da nossa predileção, vamos a ele, aproveitemos (bem) o momento. Ou, então, fiquemos em casa, fazendo outra coisa e deixemos que as pessoas que gostam, se esbaldem por lá. Não é assim, a vida?!
*João Teles de Aguiar
Professor e historiador, integrante do Projeto Confraria de Leitura.